metropoles.com

Cratera maior que o Maracanã aberta para despejar lixo é alvo de ação

Depósito de rejeitos em cava subaquática em Cubatão é criticado por moradores que denunciam poluição das águas. Responsáveis negam dano

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/ACPO
imagem da Cava subaquática de Cubatão
1 de 1 imagem da Cava subaquática de Cubatão - Foto: Reprodução/ACPO

São Paulo – Moradores de Cubatão, no litoral de São Paulo, estão questionando na Justiça a presença de uma cava subaquática que foi construída em 2017, em uma área de proteção ambiental, para abrigar resíduos e sedimentos tóxicos. Segundo moradores e pescadores da região, a cratera tem poluído a água na localidade e prejudicado a atividade de pesca.

As empresas responsáveis, assim como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), são alvo de um inquérito civil público do Ministério Público Estadual (MPSP) e do Ministério Público Federal (MPF), que querem responsabilizá-las pelo descarte de material contaminado no oceano.

A cava subaquática foi construída em 2017 como uma solução para a poluição do Canal de Piaçaguera, conhecido por ter a pior qualidade de água na costa de São Paulo.

O projeto envolveu a escavação de um depósito subterrâneo com 400 metros de diâmetro e 25 metros de profundidade — tamanho maior que o estádio do Maracanã — destinado a receber 2,4 bilhões de litros de resíduos tóxicos produzidos durante a industrialização de Cubatão no século passado, que anteriormente estavam depositados no fundo do canal (veja vídeo abaixo).

Sua construção, contudo, ocorreu em meio a polêmicas. Desde aquela época, a cava é acusada de contaminar as águas da região e prejudicar a atividade de pesca local. O projeto foi implementado às margens de um manguezal no Largo do Casqueiro, a partir de um estudo ambiental da Cetesb que, segundo os moradores, havia sido feito em 2002.

Em 2017, os moradores ingressaram com uma ação popular para tentar impedir a execução da cava. Avaliada em R$ 100 mil, a ação acusa a Cetesb de violar os princípios administrativos ao autorizar o projeto. Em 2020, quando a cava terminou de receber os resíduos drenados do Canal de Piaçaguera, a ação foi encaminhada à Justiça Federal.

Em 2021, a questão foi levada à Assembleia Legislativa (Alesp), que apurou o processo de licenciamento e execução. Em dezembro de 2023, o MPF e o MPSP entraram com o inquérito civil público contra a Cetesb e as empresas responsáveis pelo projeto — Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas), Ultrafértil S/A e VLI —, solicitando que a Justiça condene as empresas a recuperar o meio ambiente poluído e retirar todo o sedimento contaminado na cava subaquática.

Os Ministérios Públicos também pedem que as empresas paguem danos materiais e morais aos pescadores da região por terem tido sua atividade prejudicada com o depósito. O inquérito ainda solicita que a Cetesb seja condenada a realizar o devido licenciamento ambiental do local e a solicitar adequações. A ação aguarda decisão da justiça.

Questionada pelo Metrópoles, a Cetesb nega irregularidades na concessão do licenciamento ambiental e defende que a cava garante melhor qualidade ambiental para o estuário de Cubatão e Santos.

“Todas as intervenções realizadas foram devidamente licenciadas, com o estabelecimento de inúmeras exigências técnicas e criteriosas condicionantes ambientais, visando garantir a manutenção da qualidade ambiental da região em conformidade com a melhor prática técnica, fundamentada por estudos específicos e dados concretos, e de acordo com a normatização pertinente”, diz a Cetesb.

“Não houve e não há dano associado ao clean-up do Canal de Piaçaguera. Ao contrário, a atividade foi realizada de forma ambientalmente segura e seus efeitos são comprovadamente positivos”, completa.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?