Cracolândia: morador é morto com perfuração no peito; vizinhos acusam usuário de drogas
Segurança estava a caminho do trabalho quando foi vítima de assalto no centro de SP; moradores da região estão revoltados com crime
atualizado
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São Paulo – Um morador da região central de São Paulo morreu após ser esfaqueado durante um assalto na Cracolândia no final da tarde dessa terça-feira (16/8). Ele foi atingido do lado esquerdo do peito. O crime foi praticado, segundo testemunhas, por um usuário de drogas.
A vítima, o segurança João da Silva Souza, 54 anos, foi abordada pelo assaltante por volta de 18h, logo após sair do prédio onde morava, no Largo General Osório. Ele seguia para a Rua José Paulino, onde trabalhava como segurança noturno de uma loja.
Indignados, moradores do prédio da vítima relataram, em áudios nas redes sociais (ouça abaixo), que o ladrão “furou” João na altura do peito. Eles disseram não saber se o ataque foi à faca ou com a ponta de um cachimbo de crack. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) disse que foi uma faca.
Segundo moradores, após ser atingida, a vítima conseguiu caminhar de volta até o prédio em que morava para pedir ajuda. Ele teria dito que foi “furado por um noia”. O porteiro e outros moradores chamaram uma ambulância, mas diante da demora acionaram uma viatura da GCM que fazia patrulhamento na região.
João foi socorrido por guardas civis até a Santa Casa de Misericórdia, mas não resistiu aos ferimentos e sua morte foi confirmada por volta de 21h.
O assaltante, que levou a mochila do segurança, não foi localizado, assim como a arma usada no crime. O celular e a carteira não foram levados. As investigações sobre o latrocínio estão sendo conduzidas pelo 3º DP.
Transferência do fluxo
O ataque ao morador acontece em meio a um momento de tensão na Cracolândia. Na tarde dessa terça-feira, a GCM conduziu os usuários de drogas novamente para o cruzamento entre a Rua dos Gusmões e a Santa Ifigênia.
Horas mais tarde, já durante a noite, houve confronto entre guardas municipais e dependentes químicos. Moradores da região flagraram usuários de drogas tentando invadir lojas que estavam fechadas..
“É gato e rato o dia inteiro”, afirmou um morador da região ouvido pelo Metrópoles. “Não tem o que fazer, a gente já se conformou com essa desgraça.”
“A gente vive com medo. Eles são como zumbis, ninguém sabe o que podem fazer”, afirma uma comerciante.
A transferência do “fluxo” tem incomodado os comerciantes. Lojistas e moradores da Rua Santa Ifigênia, principal ponto do comércio do centro, prometem resistir às tentativas da GCM. Em grupos no WhatsApp, eles organizam novos protestos. Comerciantes ouvidos pelo Metrópoles afirmam que pretendem “quebrar o pau” com os dependentes químicos, se necessário.
“Se vierem de novo durante o dia, nós vamos descer o cacete. Quebrar o pau mesmo”, disse ao Metrópoles um comerciante que preferiu não se identificar. O homem tentava lavar o chão em frente à sua loja. Segundo ele, no local, um usuário de droga havia sido espancado.
“Eu não aguento mais, atrapalha demais nosso negócio. Quem é que vai querer vir a um lugar como esse?”, questionou.
Na semana passada, comerciantes da Santa Ifigênia realizaram um protesto contra a presença da Cracolândia no local. Eles fecharam as lojas da principal rua comercial de São Paulo durante uma manhã.