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Corregedoria apura uso de PMs em empresa ligada a assessor de Tarcísio

Empresa de segurança do irmão de um assessor do governador Tarcísio de Freitas usaria PMs da ativa para proteger carga de cliente em SP

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Rosinei Coutinho/SCO/STF
José Vicente Santini
1 de 1 José Vicente Santini - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

São Paulo – A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo investiga se PMs da ativa prestaram serviços particulares para uma empresa de segurança privada ligada a um assessor especial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A empresa envolvida seria a CampSeg, que tem como sócio o empresário Nelson Santini. Ele é irmão do advogado José Vicente Santini (foto em destaque), que já ocupou cargos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e agora está lotado no escritório de representação do governo paulista em Brasília.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a CampSeg foi contratada pela empresa de logística Rumo, que atua no transporte de grãos por trem até o Porto de Santos, após uma escalada nas ocorrências de roubo de carga e equipamentos.

Conversas de WhatApp e imagens reproduzidas pelo jornal indicam que a empresa usava policiais militares como funcionários para garantir proteção ao cliente.

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, teria se envolvido nas ações policiais relacionadas à empresa, participando, inclusive, de uma reunião para discutir estratégias de segurança para evitar o roubo da carga no começo do ano.

Conexões

José Vicente Santini e seu irmão Nelson Santini, dono da CampSeg, são amigos de Derrite, e também do senador Flávio Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filhos do ex-presidente da República.

O assessor do governador chegou a ser o número 2 da Casa Civil do governo Bolsonaro. Ele deixou o cargo em 2020, após usar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem à Ásia, com escala na Suíça.

Por causa da boa relação com o clã bolsonarista, ele retornou ao governo depois, em 2022, como secretário nacional de Justiça. Naquele ano, como o Metrópoles revelou, Santini comprou uma mansão de R$ 6,7 milhões em Brasília.

Já Nelson Santini, que foi policial militar da Rota e já trabalhou com Derrite na PM, foi incluído pelo governador Tarcísio no grupo de trabalho de Segurança Pública durante a transição de governo, em novembro do ano passado.

O grupo trabalhou por dois meses e teve acesso a informações sensíveis sobre o funcionamento de toda as áreas do governo estadual. Antes disso, a CampSeg foi contratada pelas campanhas de Tarcísio e de Derrite, que foi eleito deputado federal, para prestar serviço de segurança. Recebeu R$ 122,2 mil ao todo.

Ação contra criminosos

O secretário Derrite comentou o caso na última segunda-feira (10/4). Ele disse que o trabalho de PMs de folga “vai ser apurado”e que isso “não é permitido pelo código de regulamento da Polícia Militar”.

Derrite, entretanto, afirmou que “o que existia lá era o crime organizado inviabilizando o maior escoamento de grãos” do país. Ele admitiu ter se reunido com a empresa de logística, mas disse não ter tido nenhum contato com a CampSeg.

“Ao longo de 2022, foram 80 ataques aos trens da empresa. Somente nos dois primeiros meses deste ano, foram 200. É obvio que existia um problema de segurança”, afirmou o secretário.

Derrite disse ainda que “não tem vínculo nenhum” com a CampSeg, apesar da amizade com os irmãos Santini e o serviço prestado para sua campanha, e reforçou que só se envolveu no caso por se tratar de um risco de segurança às exportações nacionais.

Tarcísio, por sua vez, afirmou na mesma ocasião que “a contratação de uma empresa privada por uma empresa privada é problema do privado”. O governador também defendeu a atuação da PM para conter os roubos de carga.

O Metrópoles procurou a CampSeg, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Por telefone, José Vicente Santini disse ao Metrópoles que não tem nenhuma relação com a empresa e que, segundo conversa que teve com seu irmão após o caso ser divulgado, não teria sido a CampSeg que prestou serviços no caso, mas sim uma outra companhia da qual Nelson é sócio.

Santini ainda atribuiu o caso a disputas políticas. “Depois que meu irmão cogitou disputar a prefeitura de Campinas, histórias contra ele, sem fundamento, começaram a aparecer”.

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