Corpo de segunda mulher desaparecida na Garganta do Diabo é encontrado
O corpo de Aline Tamara, de 37 anos, foi encontrado na Praia de Itaquitanduva. Ela estava na lancha que naufragou em São Vicente há 5 dias
atualizado
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São Paulo — O Grupamento de Bombeiros Marítimo encontrou, na manhã desta sexta-feira (4/10), o corpo de Aline Tamara Moreira de Amorim, de 37 anos, que estava na lancha que naufragou na Garganta do Diabo, em São Vicente, no litoral de São Paulo.
O corpo foi encontrado na Praia de Itaquitanduva, próximo à cidade de Praia Grande, após cinco dias de buscas. Aline publicou fotos e vídeos nas redes sociais (veja abaixo) momentos antes do acidente.
Na quarta-feira (2/10), os bombeiros encontraram o corpo de Beatriz Tavares da Silva Faria, de 27 anos, que também havia desaparecido no naufrágio. A mãe da vítima disse que conversou com a filha por telefone antes do acidente. “Ela falou: ‘Mãe, eu vou sair com uma amiga, nós vamos sair de barco e daqui a pouco eu tô em casa.’”
Vanessa Audrey da Silva, Camila Alves de Carvalho, Daniel Gonçalves Ferreira, Gabriela Santos Lima e Natan Cardoso Soares da Silva — que também estavam na embarcação — foram resgatados logo após o acidente.
“Ninguém de colete”
Após o naufrágio, Camila Alves usou as redes sociais para dizer que o que ocorreu foi, de fato, um acidente.
“Não tinha ninguém alcoolizado ou drogado no barco, não. Foi um acidente. Uma hora a verdade aparece”, disse nos stories do Instagram. Com um curativo na testa, ela afirmou que todos ficaram muito machucados. A jovem também revelou que as jovens que morreram não estavam usando colete salva-vidas.
Em nota, a Marinha afirmou que um inquérito administrativo foi instaurado a fim de investigar as possíveis causas e responsabilidades pelo acidente. “Cabe ressaltar que não houve registro de poluição hídrica resultante do afundamento da embarcação”, adicionaram.
Garganta do Diabo
A embarcação afundou na região da Garganta do Diabo, entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí, em um estreitamento que desemboca na Baía de São Vicente (veja mapa abaixo).
Por ser uma região de “estrangulamento” do mar — um canal estreito –, o local é marcado por correntes marítimas fortes, ondas intensas e formação rochosa irregular, fatores que aumentam o risco de afogamentos e acidentes, como o naufrágio de embarcações. Em 2017, por exemplo, uma jovem de 18 anos e o piloto de uma moto aquática foram resgatados por um policial militar depois de ficarem à deriva na região.
Lá, há bancos de areia que se movimentam ao longo do tempo, o que pode alterar a profundidade do fundo marinho e criar áreas instáveis. Como consequência, pode haver alteração do regime de ondas e a maneira que elas se comportam quando se aproximam da Baía de São Vicente, podendo ficar mais altas.
É isso, inclusive, que atrai muitos surfistas para a região, que precisam se manter atentos em relação a previsões da maré e de ondas para evitar acidentes.
Lendas urbanas foram as principais responsáveis para atribuir o nome que o canal ganhou, incluindo a de que o local “engolia” barcos que passavam por lá, como uma garganta. Além disso, há uma crença popular de que a Garganta serviu de passagem para as caravelas de Martim Afonso na fundação da Vila de São Vicente, mas não há fundamentos suficientes para embasar a hipótese.