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Corinthians, Câmara e Prefeitura: Milton Leite mira “tríplice coroa”

Presidente da Câmara Municipal de SP, vereador Milton Leite (União) se articula em três frentes para ampliar seu poder na capital paulista

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Fotografia colorida mostra o vereador Milton Leite (União Brasil) segurando camisa autografada do Corinthians - Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida mostra o vereador Milton Leite (União Brasil) segurando camisa autografada do Corinthians - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

São Paulo – Considerado o político mais influente da capital paulista, o vereador Milton Leite (União Brasil) articula um projeto de poder para 2024 que mira uma espécie de “tríplice coroa” em São Paulo: o inédito quarto mandato consecutivo como presidente da Câmara Municipal, o posto de vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a vice-presidência do Corinthians, clube de maior torcida na cidade.

Ao Metrópoles, Leite admite apenas a candidatura de vice na chapa de André Luiz de Oliveira, o André Negão, para o comando do Corinthians, que já foi oficializada no clube. “O resto é especulação”, diz.

Essa “especulação”, feita tanto por aliados quanto adversários, é alimentada por fatos que vão de uma arrojada mudança da Lei Orgânica do Município, a “Constituição” da cidade, feita no último dia 1º/11 para garantir sua reeleição no comando da Câmara, a indicações para a candidatura a vice-prefeito de nomes como Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

Retração e expansão

O novo projeto de poder de Milton Leite, que detém na cidade o controle do bilionário setor de Transportes e de subprefeituras da zona sul, ocorre após a perda de espaço no mesmo setor no governo estadual com a derrocada do PSDB e a posse do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Leite e o União Brasil, partido que ele controla na capital, apoiaram a reeleição do ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB) e só embarcaram na campanha de Tarcísio no segundo turno, contra o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Com Tarcísio, o vereador perdeu o controle do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que tem um caixa bilionário para executar obras em rodovias. Tentou, sem sucesso, garantir a Secretaria da Habitação, que ficou com um aliado do secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD). No fim, conseguiu manter certa influência apenas na Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU).

No primeiro semestre, quando ainda esperava barganhar espaço no governo Tarcísio em troca de apoio político, Leite começou a dizer na Câmara que estava preparando a aposentadoria e que não tentaria um novo mandato como presidente da Casa, cargo que ocupa há três anos. O vereador chegou a estimular candidaturas de aliados para sua sucessão.

Mas como os acordos na esfera estadual não saíram, o vereador fez uma correção de rota e mudou os planos. Resgatou um projeto que estava parado no Legislativo desde 1992 e aprovou, durante a semana, uma mudança na lei que tira o limite de reeleições para presidente da Câmara. Com isso, embora ainda não admita, Leite pode concorrer a um quarto mandato consecutivo no comando da Casa. A influência dele no Legislativo é tanta que até a bancada do PT votou a favor do projeto.

A eleição no Corinthians

Conselheiro do Corinthians, Milton Leite concorre ao cargo de primeiro vice-presidente do clube na chapa de André Negão. Os dois pertencem ao grupo político que comanda o clube há dezesseis anos e contam com o apoio do atual presidente Duílio Alves e do ex-presidente Andrés Sanchez, que foi deputado federal pelo PT.

O vereador tem dito a aliados que pretende atuar na articulação junto à Prefeitura para conseguir um acordo e reduzir os quase R$ 400 milhões de dívidas que o clube possui com a administração municipal.

Os altos valores incluem R$ 86 milhões em dívidas de IPTU, contraídas entre 2014 e 2022, e R$ 311 milhões em outros impostos. O Corinthians é o segundo clube com a maior dívida do país – de R$ 1 bilhão – atrás apenas do Atlético-MG.

Vice-prefeito

Dos três objetivos políticos, a indicação para a vaga de vice na chapa do prefeito de Ricardo Nunes é o que tem mais obstáculos, embora Leite seja um antigo aliado do prefeito e um dos responsáveis pela indicação dele a vice do ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021.

Como Nunes vem costurando uma ampla aliança de partidos para a disputa, que inclui PL, Republicanos e PSD, entre outras siglas, há concorrência considerável para o cargo. Aliados mais próximos de Nunes e de Tarcísio apontam que o prefeito daria o cargo para o partido do governador, em nome a cooperação mútua que ambos vêm fazendo ao longo desta ano.

Nunes, porém, mantém o PL esperançoso em ter o espaço, que poderia levar caso o partido consiga evitar que Jair Bolsonaro apoie outro candidato na cidade.

Internamente, Leite tem dito a aliados do União que almeja o cargo. Parte do grupo, porém, interpreta a fala como uma estratégia para conter os planos dos caciques que querem lançar o deputado federal Kim Kataguiri como nome próprio da sigla à Prefeitura.

O presidente da Câmara, porém, ainda não se movimentou para minar a candidatura de Kim. Aliados de Nunes entendem que essa também é uma estratégia. Ao manter aberta a possibilidade de seu partido lançar nome próprio, Leite teria mais força de barganha para disputar a indicação do posto de vice.

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