Contra “reinado” na Câmara de SP, vereadores antecipam campanha

São Paulo – Depois que o presidente da Câmara Municipal da capital, Milton Leite (União), começou a se movimentar para viabilizar uma terceira, e inédita, reeleição consecutiva, outros vereadores paulistanos anteciparam suas articulações em busca de apoio na disputa pela presidência da Casa, no fim deste ano.

Ao menos três candidaturas já estão em campanha para a eleição, marcada para o dia 15 de dezembro, após um semestre em que a Câmara deve ganhar protagonismo na cidade por causa das discussões para a revisão da Lei de Zoneamento, que define as regras para construções e atividades em cada quarteirão da cidade.

A campanha mais consolidada até o momento é a do vereador Rubinho Nunes (União), visto como uma espécie de “herdeiro” de Milton Leite na Câmara. Segundo aliados, Rubinho já teria 22 votos de parlamentares do União, PSD, MDB, PL e Podemos — ao todo, a Casa tem 55 vereadores.

Advogado e vereador de primeiro mandato, Rubinho havia começado a fazer sua campanha pela presidência da Câmara com o aval de Milton Leite, de quem é aliado, mas foi pego de surpresa nas últimas semanas com a informação de que o atual presidente da Câmara passou a considerar concorrer ao quarto mandato seguido.

Segundo interlocutores, Rubinho ainda não conversou com Leite sobre a sucessão dele e avalia que só não ganhará a eleição em dezembro caso o atual presidente da Casa realmente dispute sua terceira reeleição. Enquanto isso, Rubinho intensificou as conversas nos bastidores para tentar chegar os 28 apoios necessários para se eleger presidente da Câmara.

Volta tucana

Em outra frente, o PSDB, maior bancada da Câmara, com oito vereadores, começou uma articulação para participar da disputa com João Jorge, parlamentar que já foi secretário municipal da Casa Civil na gestão do ex-prefeito João Doria, entre 2017 e 2018.

Jorge foi indicado pelo partido após uma disputa interna com o colega Xexéu Trípoli, que também cogitou o posto. Atual vice-presidente da Câmara, Xexéu já se mostrou muito contrariado, de acordo com aliados, com a reeleição de Milton Leite para o mandato deste ano.

Os tucanos diziam que havia um acordo com o atual presidente para que o PSDB assumisse a presidência da Casa neste ano e que foram traídos. Leite nega a existência do acordo. O último presidente da Câmara tucano foi Eduardo Tuma, em 2019. Hoje, ele preside o Tribunal de Contas do Município (TCM).

Candidatura de oposição

Correndo por fora, o PSol discute internamente quem será o nome da sigla para a eleição, mas já decidiu que lançará candidatura própria em dezembro. O partido de esquerda tem um entendimento diferente do PT, que costuma negociar um outro cargo na Mesa Diretora da Casa e apoiar o favorito à presidência.

Já na eleição pela Prefeitura da capital, os petistas vão apoiar a candidatura do deputado federal pelo PSol Guilherme Boulos, uma aliança contestada por uma ala minoritária do PT liderada pelo clã Tatto, que tem dois vereadores, um deputado estadual e dois federais. Eles temem que a falta de uma candidatura própria para prefeito reduza o número de petistas eleitos para a Câmara em 2024 — hoje são oito vereadores.