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Consulado incentivou vítimas a denunciarem máfia chinesa no Brasil

Vítimas do Grupo Bitong, ramificação da máfia chinesa, denunciaram crimes à polícia após aconselhamento do Consulado Chinês em São Paulo

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Imagem colorida da fachada do Consulado Chinês em São Paulo. - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida da fachada do Consulado Chinês em São Paulo. - Metrópoles - Foto: Reprodução/Facebook

São Paulo — O Consulado Chinês em São Paulo incentivou as vítimas da máfia chinesa no centro da capital paulista a denunciarem os crimes à polícia. É o que mostram depoimentos feitos durante investigação da Polícia Civil e do Ministério Público (MPSP) sobre as ações do Grupo Bitong, liderado por Liu Bitong, que foi preso pela Polícia Federal (PF) em dezembro de 2024 em Roraima.

A máfia é acusada de praticar extorsão, ameaças, sequestros e homicídios contra chineses que atuam no comércio de importados na região central de São Paulo. Os fatos narrados pelas vítimas aos investigadores ocorreram entre 2014 e 2017.

Uma vítima protegida, identificada como November, testemunhou à polícia que, desde 2015, enquanto estava na China, escreveu diversas cartas para o consulado denunciando as ações do Grupo Bitong. Segundo o depoimento, o Ministério de Segurança da China aceitou a denúncia e criou uma “força tarefa” para resolver a situação.

Outra vítima protegida, identificada como Alpha, declarou que várias pessoas haviam se reunido para denunciar a máfia e que o consulado os orientou a ir até uma delegacia de polícia registrar a ocorrência.

Pelo menos outras quatro vítimas protegidas reforçam o aconselhamento do consulado. Elas afirmaram que não foram inicialmente à delegacia porque sentiam medo e, além disso, não sabiam falar português. No entanto, mudaram de ideia e denunciaram o grupo após o órgão chinês em São Paulo aconselhar a registrar queixa.

Uma delas detalhou que “após o consulado chinês emitir uma nota orientando os chineses a registrar a queixa, via aplicativo de celular, foi até ao DHPP [Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa] e noticiou os crimes”.

Policial chinês veio ao Brasil investigar

O delegado de polícia, Charlie Wei Ming Wang, relatou em depoimento que foi designado pela diretoria do DHPP para conduzir toda a investigação envolvendo a máfia chinesa em razão de sua descendência.

Ele também apontou que foram realizadas reuniões no departamento com o Consulado da China e, em uma delas, em 2016, estava presente uma autoridade policial chinesa chamada delegado Li. O encontro foi noticiado por um jornal chinês.

A partir da publicação, o MPSP concluiu que a reunião tinha como objetivo “ajudar a combater a criminalidade e proteger os direitos legais e interesses dos emigrantes”.

Para o MPSP, esse conteúdo corrobora as declarações de que, realmente, “os chineses desta região foram orientados e incentivados pelo Consulado a denunciar os crimes dos quais estavam sendo vítimas”.

Foi o delegado Li quem indicou um intérprete para as vítimas prestarem depoimento. O tradutor também prestou esclarecimentos à polícia e destacou que testemunhou um homicídio cometido pelo Grupo Bitong em 12 de abril de 2014.

O Metrópoles tentou contato com o Consulado Chinês em São Paulo, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Grupo Bitong

A associação criminosa liderada por Bitong pratica extorsão, ameaças, sequestros e homicídios contra chineses que atuam no comércio de importados na região central da capital paulista, apontam as investigações.

O criminoso estava foragido da Justiça desde 2017 e foi preso pela Polícia Federal (PF) em 16 de dezembro de 2024 em Pacaraima, cidade de Roraima que faz fronteira com a Venezuela. Outros membros do grupo também estão detidos.

A reportagem questionou o MPSP se as prisões desmantelaram o grupo. O órgão não respondeu o questionamento, e somente afirmou que as investigações correm em segredo de Justiça.

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