Obra do Templo de Salomão teve polêmica com alvará e solo contaminado
Templo de Salomão, na região central de SP, foi inaugurado em 2014. Inquérito do MPSP apontou que foi construído com alvará de reforma
atualizado
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São Paulo — O Templo de Salomão, sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus, na região central de São Paulo, foi inaugurado há dez anos, em 31 de julho de 2014, com a presença de autoridades da época, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), seu vice Michel Temer (MDB), o então prefeito da capital Fernando Haddad (PT), e o ex-governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB).
A festa de inauguração foi precedida de diversas polêmicas em torno da construção do megatemplo, que ocupa em um terreno de 35 mil metros quadrados, tamanho equivalente ao de cinco campos de futebol.
Foram quatro anos de obras até que a igreja ficasse pronta.
Na época da inauguração do espaço religioso, um inquérito do Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelou que o templo foi construído com um alvará de reforma, e não de construção. A igreja está localizada em uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis), que, conforme o Plano Diretor da cidade, deveria ser destinada a moradias populares.
Além disso, a obra passou a ser investigada pelo MPSP após uma denúncia de que caminhões de terra da construção foram despejados no terreno onde se encontra a USP Leste, campus da Universidade de São Paulo que ficou interditado por sete meses devido à contaminação do solo.
A concessão do alvará que permitiu a inauguração do Templo de Salomão ocorreu após negociações entre a Igreja Universal, o MPSP e a Prefeitura de São Paulo. Durante o processo, a Igreja teve a opção de investir em uma reforma viária nas ruas ao redor do templo ou de doar um terreno para a construção de moradias populares, optando pela última alternativa
Em 2018, a Igreja Universal assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPSP e a Prefeitura regulamentando sua situação. Como contrapartida, a igreja fez a doação de um terreno de 17.404,57 m² na rua Ulisses Cruz, no bairro da Mooca, onde deveriam ser construídas 3 mil habitações de interesse social. Até 2024, nenhuma moradia foi erguida.
No ano passado, a situação do Templo foi totalmente regulamentada com a revisão do Plano Diretor Estratégico, que deixou de exigir o respeito da classificação Zeis se o terreno for destinado a locais de todo culto”.
Desde julho de 2024, o templo faz parte da Lista de Bens Turísticos de Valor Excepcional Permanente da capital.