Filha de Cupertino pede para prestar depoimento sem a presença do pai
Isabela Tibcherani Matias presenciou o pai matar o namorado dela, ator Rafael Miguel, e os seus sogros na zona sul de São Paulo, em 2019
atualizado
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São Paulo – A filha de Paulo Cupertino, Isabela Tibcherani Matias, solicitou à Justiça, juntamente com a mãe, Vanessa Tibcherani, para testemunhar contra o pai, Paulo Cupertino, de forma virtual, no júri popular ao qual ele será submetido no próximo dia 10, na zona oeste paulistana.
O pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) na segunda-feira (30/9). A Justiça, porém, acatou solicitação da promotora Soraia Bicudo Simões Munhoz, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), para que Cupertino seja retirado do plenário durante o depoimento de mãe e filha.
Segundo a promotora, o pedido decorre do “fundado temor e evidente constrangimento” de Isabela e Vanessa estarem no mesmo recinto que Cupertino.
Isabela presenciou o pai matar o namorado, ator Rafael Miguel, e os pais do rapaz, quando a família foi à residência de Cupertino, na zona sul de São Paulo, em 2019.
Os pais do ator queriam conversar sobre o namoro dos filhos. Mas Cupertino não aceitava o relacionamento, e essa teria sido a motivação para o triplo assassinato.
Cupertino alega inocência
Em uma carta, cujo teor foi relevado pelo Metrópoles, Paulo Cupertino alega ser inocente pelo crime. Ele também afirma no manuscrito que foi alvo de uma tentativa de envenenamento na cadeia.
A defesa do acusado, constituída por quatro advogados, solicitou ao TJSP, “com urgência”, para que Cupertino compareça ao julgamento sem roupas de presidiário.
As “roupas civis”, seguem os defensores, serão entregues ao réu no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, onde o júri será realizado, “não gerando insegurança ou perigo na sessão planária”.
“Não existe qualquer estorvo que impeça o acusado se apresentar ao Tribunal de Júri perante seus pares vestindo roupas comuns, respeitando, na mesma linha a presunção de inocência e a dignidade da pessoa humana, positivadas na Constituição Federal”, diz trecho do requerimento, encaminhado à Justiça na terça-feira (1º/10).
O crime
De acordo com denúncia do MPSP, Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, que na época tinha 22 anos, o pai do jovem, João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, de 50, porque não aceitava o namoro do artista com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos.
Os assassinatos ocorreram em Pedreira, zona sul paulista. Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas.
Paulo Cupertino foi acusado de triplo homicídio qualificado. Depois do crime, fugiu para o Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai. Ele acabou preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel.
Filha testemunhou assassinatos
Isabela Tibcherani estava com o então namorado no momento do crime. Na época, a jovem revelou que o pai era possessivo e odiava mulheres. Além disso, ela se disse surpresa por não ter sido também atingida pelos tiros.
“Ainda não consigo acreditar, mas estou me esforçando. Juro que o máximo que pensei que fosse possível era meu pai sair na mão [briga de socos]. Mas quando eles [Rafael e os pais] chegaram, ele me mandou entrar e começou a atirar”, declarou a namorada de Rafael, em entrevista dada no ano da tragédia, em 2019.