“Congestionamento” e até cervejinha: como é correr a São Silvestre
Metrópoles percorreu com 35 mil pessoas os 15 quilômetros da 98ª edição da São Silvestre, a corrida de rua mais tradicional do Brasil
atualizado
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São Paulo – Já pensou em participar da Corrida Internacional de São Silvestre? Neste domingo (31/12), a reportagem do Metrópoles calçou o par de tênis e percorreu os 15 quilômetros da prova (veja abaixo), a corrida de rua mais famosa do Brasil, para contar como é a experiência.
A 98ª edição da São Silvestre, tradicionalmente realizada no último dia do ano, reuniu cerca de 35 mil pessoas, vindas de todos os cantos do país. Maior do que a população de muitas cidades, a multidão se concentrou na Avenida Paulista, no centro de São Paulo, já em clima de celebração do Réveillon.
Um dos desafios da prova acontece ainda antes da largada: encarar as filas dos banheiros químicos. Para dar uma aliviada, é preciso aguentar, em média, cinco minutos de espera – tempo que alguns participantes aproveitam para adiantar o alongamento.
Com a pista abarrotada, corredores mais experientes precisam ter paciência, em especial nos primeiros metros do percurso. A São Silvestre é uma festa. Há pessoas fantasiadas, “congestionamentos” na pista e até distribuição de cerveja.
Paciência na largada
Assim que a largada foi anunciada, às 8h05, a multidão começou a se deslocar lentamente. Quem já fez a São Silvestre sabe que é praticamente impossível correr no primeiro quilômetro.
O público geral é dividido em setores, que vão desde pessoas que correm mais rápido até aquelas que seguem ritmo de trote. Todos os pelotões, no entanto, acabam registrando pessoas que começam a caminhar por cansaço. Isso provoca alguns “congestionamentos”, que precisam ser encarados com paciência e bom humor.
Foi o grande volume de público que afastou Enivan de Oliveira, de 46 anos, por mais de uma década da São Silvestre. Corredor há 13 anos, ele participou pela primeira vez da tradicional corrida de rua neste domingo.
“É muita gente. Eu prefiro correr maratonas [42 km]. Mas [a São Silvestre] é a prova do Brasil, então estou aqui para participar da festa pelo menos uma vez”.
Grande parte dos participantes da São Silvestre vai à corrida para se divertir, encontrar amigos e celebrar. Entre eles, o Metrópoles viu pessoas vestidas com fantasias dos personagens infantis Bananas de Pijamas, Thor, Sonic e até um rapaz carregando um ET nas costas. Também havia vários Homens-Aranhas.
“Emprestar sua força”
Muitos cadeirantes, alguns empurrados por corredores de apoio, também participam da corrida. Um dos apoiadores era Ribeiro de Oliveira, de 57 anos. Morador de Francisco Morato, Grande São Paulo, ele participou de sua nona São Silvestre, das quais sete como guia.
“Ser guia é você emprestar sua força, suas pernas para uma pessoa. Você tira ele de casa e coloca nesse ambiente aberto, de alegria, de festa.”
A entrevista com o Metrópoles foi feita em movimento, enquanto Ribeiro empurrava a cadeira de rodas do jovem Robert Caíque, de 23 anos, que participou neste domingo de sua segunda São Silvestre.
Cerveja nos “41km”
Na marca dos 14 km, há uma tradição extraoficial: distribuir cerveja, para quem gosta da bebida, com uma placa indicativa de 41 km. Isso é uma brincadeira, porque algumas pessoas confundem a São Silvestre com uma maratona.
Maratonas são provas de 42 quilômetros e 195 metros de distância. Já a São Silvestre é mais curta e tem 15 quilômetros.
Domínio queniano
No pelotão de elite, os atletas quenianos fizeram a dobradinha e voltaram a dominar o pódio da São Silvestre. No masculino, Timothy Kiplagat, de 30 anos, foi o campeão. Já no feminino, a maratonista Catherine Reline, 21, venceu a corrida.
Entre os brasileiros, os corredores Johnatas de Oliveira Cruz e Felismina Cavela tiveram os melhores desempenho. Ambos ficaram em sexto lugar.
A São Silvestre tradicionalmente é realizada no último dia do ano. Com largada na Avenida Paulista, o percurso inclui diversos pontos turísticos de São Paulo, como o estádio do Pacaembu e o Theatro Municipal.