Condepe realiza debate entre candidatos à Ouvidoria da Polícia de SP
Condepe promoveu debate nessa segunda-feira (11/11) com candidatos à lista de onde o governador escolherá representante da Ouvidoria
atualizado
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São Paulo — O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) realizou nessa segunda-feira (11/11), na Câmara Municipal, um debate entre os quatro candidatos ao cargo de ouvidor da Polícia do estado de São Paulo. A Ouvidoria é responsável por receber denúncias, reclamações e elogios sobre a atuação dos policiais e encaminhá-los ao governo estadual.
Na próxima quinta (14/11), 20 conselheiros devem escolher três entre os quatro candidatos ao cargo. Participam da decisão integrantes do Poder Judiciário (TJSP), do Ministério Público de São Paulo, da Defensoria Pública, OAB-SP, entre outros integrantes da sociedade civil.
Os nomes do trio remanescente serão apresentados ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que deverá escolher até 23 de dezembro, quando se encerra o mandato atual, quem estará à frente da Ouvidoria pelos dois anos seguintes.
O professor Claudio Silva é o atual ouvidor e busca a recondução. Durante o debate realizado nessa segunda, ele destacou que o atual governo foi um empecilho à atuação da Ouvidoria, apontando também os danos causados à população, em especial na Baixada Santista, por meio das operações Escudo e Verão, que deixaram mais de 100 mortos entre julho de 2023 e abril deste ano. “Essas operações trouxeram pânico, medo e desespero”, disse.
A professora Luana de Oliveira, 42 anos, é outra candidata e busca ser a primeira mulher a ocupar o cargo. Mestranda em sociologia, ela destacou sua atuação como educadora popular no Campo Limpo e a vida na juventude no Jardim São Luiz, também na zona sul. “Sou uma sobrevivente da década de 90, quando nosso território era ainda mais hostil”, disse. “A gente pulava corpos para ir para a escola ou brincar na rua”, afirmou.
O advogado Valdison da Anunciação Pereira, 41 anos, foi criado no extremo da zona leste e também disputa o cargo. Ele já trabalhou no conselho tutelar de São Mateus, atuou na Pastoral da Juventude e é contra a redução penal. O candidato afirmou que, certa vez, mostrava álbum de família para o filho na porta de casa e, durante uma abordagem violenta da PM, ouviu que era “um bandido criando outro”. “Ainda hoje, dependendo da cor da pele, da classe social, é perigoso estar na rua”, afirmou.
Chefe de gabinete do atual ouvidor, Mauro Caseri, 65 anos, é advogado na área de infância e juventude. Ele destacou que entrou na composição da disputa pelo cargo, mas demonstrou o desejo de que Claudio Silva permaneça à frente da Ouvidoria. “Se o Claudinho não for escolhido, que seja escolhido alguém que continue esse trabalho”, afirmou. “Temos a mesma causa, matriz. Pensamos e concebemos a vida da mesma forma”, afirmou.
Escolhas
Durante o debate e nos próprios questionamentos feitos pela plateia, foi destacada a necessidade de fortalecer a Ouvidoria, que já esteve ameaçada de extinção por seus opositores, como integrantes da bancada da bala.
Caso Tarcísio se negue a escolher algum dos três nomes que serão apresentados, o atual ouvidor permanecerá no cargo. Nesse caso, como alertou o ex-ouvidor Júlio Cesar Neves, é imprescindível que as entidades da sociedade civil deem respaldo à Ouvidoria.
O governo estadual tem sido alvo de críticas por parte de órgãos de defesa dos direitos humanos, entre outras entidades, pela atuação na segurança pública, que é conduzida atualmente por Guilherme Derrite.