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Sequestro e morte: como vítimas são levadas ao principal “júri” do PCC

Investigação da Polícia Civil aponta Taquaritinga como principal cidade usada para a realização de tribunais do crime no interior paulista

atualizado

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Arte gráfica de martelo da justiça sobre mapa de São Paulo, tudo vermelho - Metrópoles
1 de 1 Arte gráfica de martelo da justiça sobre mapa de São Paulo, tudo vermelho - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

São Paulo — Distante 334 km da capital paulista, Taquaritinga abriga o principal endereço usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para realizar os chamados “tribunais do crime” no interior do estado.

“Por ser considerada a final do interior […] as pessoas que serão submetidas ao ‘tribunal do crime’ são sequestradas e trazidas até Taquaritinga”, diz trecho de investigação da Polícia Civil, obtida pelo Metrópoles, acrescentando que “as vítimas”, após os julgamentos, “são executadas nesta cidade e posteriormente enterradas em locais de difícil acesso”.

O principal líder da região é Alexsandro Cardoso Mota, o Satanás, membro da Sintonia dos 14 — composta por criminosos que deliberam sobre o destino de quem descumpre as regras da facção em São Paulo.

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Polícia localizou corpo enterrados em cemitério clandestino
Corpo é retirado com ajuda de retroescavadeira
Satanás, apontado como líder do PCC na região
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Retroescavadeira foi usada para retirar corpos de local

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Polícia localizou corpo enterrados em cemitério clandestino

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Corpo é retirado com ajuda de retroescavadeira

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Satanás, apontado como líder do PCC na região

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Ao bando chefiado por Satanás são atribuídas, somente neste ano, seis mortes registradas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), do total de nove vítimas de assassinatos comportados pela pasta entre janeiro e agosto, em Taquaritinga.

As investigações identificaram sete disciplinas — conhecidos como os responsáveis por garantir o cumprimento da “pena” — que atuam na região. O número de carrascos sob as ordens de Satanás, também conhecido como Sandrinho e El Diablo, é superior a isso.

“As decisões deste tribunal [do crime] são tomadas com o auxílio de membros do alto escalão da organização criminosa, que, em Taquaritinga, é chefiada por Satanás”, afirma o promotor Paulo Augusto Radunz Júnior, em denúncia contra membros do tribunal do crime, também obtida pelo Metrópoles.

Ele acrescenta que, após os sequestros, as vítimas são mantidas em locais pertencentes ao grupo criminoso, principalmente uma adega de bebidas de Satanás, para aguardarem o julgamento e a aplicação das respectivas sanções, que incluem, algumas vezes, a pena de morte.

Morte de Dodô

O homicídio que contribuiu para a descoberta das vítimas sentenciadas à morte por Satanás ocorreu no 1º dia deste ano. Douglas Pereira Sobral, o Dodô, foi executado por decisão de um “tribunal do crime”. O assassinato aconteceu na adega de bebidas do líder do PCC, em Taquaritinga.

Como já mostrado pelo Metrópoles, além das sentenças de morte, as punições para “infratores” incluem espancamentos e quebra de membros. A vítima foi executada — com golpes na cabeça e enforcamento — por supostamente ter tentado matar um disciplina da facção, conhecido como Pé na Porta.

O corpo de Dodô foi descartado perto de uma área de brejo, na Serra do Jaboticabal, e encontrado por policiais militares em 3 de janeiro. Isso deflagrou a investigação que identificou as ações de Satanás na coordenação das mortes decretadas pelos tribunais da facção.

Ameaças

O Metrópoles teve acesso a boletins de ocorrência registrados por vítimas de ameaça, nos quais o nome de Satanás é mencionado como o responsável pela justiça paralela da região — incluindo de cidades do entorno, como São Carlos, Matão, Araraquara e Santa Ernestina, por exemplo.

Os motivos para as ameaças variam desde dívidas até supostos calotes repassados por moradores descontentes aos disciplinas do PCC, que assumem a “solução dos problemas”.

Há casos oficiais envolvendo o chefão do PCC, ao menos, desde 2010.

Satanás segue foragido da Justiça até a publicação desta reportagem. Há mandado de prisão preventiva expedido contra ele. Sua defesa não foi encontrada. O espaço segue aberto para manifestações.

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