Como Tabata pode furar a polarização na disputa pela Prefeitura de SP
Sem ter entrado na mira das campanhas de Boulos e Nunes, Tabata apresentou 11% de intenção de votos na pesquisa feita pelo Datafolha
atualizado
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São Paulo – O desempenho da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) na pesquisa Datafolha para a Prefeitura da capital em 2024 foi celebrado pelo PSB, que vê espaço para atrair eleitores que buscam fugir da polarização entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP).
No levantamento, o primeiro do instituto sobre as eleições municipais, Tabata apareceu com 11% das intenções de votos, atrás de Boulos (32%) e Nunes (24%) e tecnicamente empatada com Kim Kataguiri (União-SP), com 8%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Integrantes do PSB paulistano disseram ao Metrópoles que o desempenho inicial é fruto exclusivo do trabalho da própria Tabata, já que, na visão deles, expoentes do partido como o ministro Márcio França e o vice-presidente Geraldo Alckmin ainda não embarcaram na pré-campanha.
O PSB celebrou que Tabata apresentou a menor taxa de rejeição no Datafolha (23%) – ante 35% de Kim, 29% de Boulos e 26% de Nunes – e ainda é desconhecida por 50% do eleitorado.
De acordo com membros do partido, este último quesito abre um leque de possibilidades para que a campanha possa apresentá-la da forma mais positiva ao eleitor.
Para isso, entendem que a estratégia da deputada deve ser a de se incluir mais na política municipal. Internamente, Tabata já mapeia áreas onde visitar na cidade e tem se firmado como oposição à gestão Ricardo Nunes, principalmente na área da educação.
No mês passado, a deputada denunciou à Controladoria Geral do Município a existência de suspeitas contra a empresa que distribuiu às escolas da rede municipal um kit de ciências com imagens de fuzil nas respectivas embalagens.
Tabata fora da mira de Boulos e Nunes
Além disso, destacam os pessebistas, Tabata ainda não entrou no fogo-cruzado entre Boulos e Nunes. As campanhas dos líderes de intenções de votos não a enxergam, até o momento, como alguém com potencial para “roubar” seus eleitores.
Auxiliares de Nunes disseram acreditar que ela atrai mais votos à esquerda, enquanto o círculo próximo a Boulos avalia que Tabata atrai eleitores de centro que resistem à ideia de votar em Nunes por sua aproximação com o bolsonarismo.
A própria Tabata deixou claro, dentro do partido, que não quer ser afilhada política de ninguém. Para o PSB, isso virou um fator positivo: na visão deles, candidatos apadrinhados por outros nomes apresentam maior possibilidade de rejeição do eleitorado.
Segundo o Datafolha, 68% dos eleitores disseram não votar de jeito nenhum em um candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); 46% não votariam em um nome indicado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos); e 37% rejeitaram a ideia de votar em uma indicação vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cartas na manga de Tabata
A boa oratória de Tabata e a capacidade de síntese em seus discursos também são atrativos considerados pelo PSB para a campanha do próximo ano. Monitoramento feito pelos próprios adversários detectou que a parlamentar foi quem mais cresceu nas redes sociais neste ano, entre os pré-candidatos.
Além do engajamento virtual, a desenvoltura da deputada é vista, internamente, como trunfo para momentos de enfrentamento na campanha, em especial nos debates eleitorais transmitidos pela TV.
Ao Metrópoles, integrantes do PSB disseram esperar que Tabata consiga alguns votos ao confrontar o prefeito Ricardo Nunes, pouco conhecido pela oratória, e Kim Kataguiri, que apresenta a maior taxa de rejeição dos eleitores, ainda de acordo com o Datafolha.