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Como primeiras pesquisas de 2º turno podem impactar campanhas em SP

Metrópoles conversou com cientistas políticos para entender papel dos levantamentos nas estratégias das campanhas de Boulos e Nunes

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Ricardo Nunes e Guilherme Boulos - Metrópoles
1 de 1 Ricardo Nunes e Guilherme Boulos - Metrópoles - Foto: Montagem/Metrópoles

São Paulo – A primeira pesquisa do Datafolha do segundo turno será divulgada nesta quinta-feira (10/10). O levantamento testará como as campanhas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol) estão sendo recebidas pelo eleitorado paulistano e apontará quem tem mais chances de vencer a eleição neste momento.

O último Datafolha divulgado na véspera do primeiro turno já trazia uma simulação para um eventual segundo turno entre os dois candidatos e mostrava vantagem de Nunes sobre Boulos. De acordo com a pesquisa, o atual prefeito venceria o deputado federal por 52% a 37%.

O Metrópoles conversou com dois cientistas políticos para entender como esta e as próximas pesquisas podem impactar as campanhas daqui para frente. Afinal, o que muda nas estratégias dos candidatos após a publicação dos levantamentos?

A cientista política Vera Chaia explica que as pesquisas ajudam os candidatos a adaptarem seu discurso a cada etapa da disputa.

“Para o marketing político, a pesquisa é fundamental. Não adianta você pensar numa estrutura, numa estratégia de campanha, do começo ao fim. A conjuntura muda, os aliados mudam, os eleitores mudam”, afirma Vera, que é professora de política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Vera afirma que o cenário atual é diferente das simulações feitas no primeiro turno, porque parte do eleitorado estava comprometida com outros candidatos. Agora, os sobreviventes na disputa precisam entender como se comportarão, por exemplo, os eleitores que votaram em Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB), e devem olhar com lupa os recortes de gênero, idade, posição socioeconômica e rejeição apresentados pelos levantamentos realizados pelos institutos.

“A pesquisa ajuda os candidatos a repensarem as suas campanhas. Por exemplo, se existe uma avaliação negativa em relação às mulheres, o caso do Marçal [no primeiro turno], a campanha pensa como melhorar e mudar o enfoque que o candidato dá a determinada temática”.

Para Boulos, por exemplo, a professora afirma que os resultados segmentados dos levantamentos sobre as periferias serão olhados com mais atenção. No primeiro turno, o deputado foi vencido por Nunes e Marçal em áreas como Grajaú, na zona sul, e Sapopemba, na zona leste.

Mesmo com o melhor desempenho da esquerda em um primeiro turno desde 2008, Boulos chega em desvantagem nesta etapa da disputa por ter rejeição maior que a de Nunes, como explica o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto.

“É um cenário muito difícil para o Boulos porque ele realmente tem uma rejeição alta e não declinou ao longo da campanha. E ele tem, do outro lado, um candidato com rejeição baixa e que tem a vantagem de ocupar a Prefeitura”, afirma.

“Ele tem que encontrar um ponto de equilíbrio, que não é fácil, que consiga fazer críticas ao Nunes, para desconstruir a figura dele, mas que faça isso sem passar a imagem de radicalismo”, diz Cláudio.

O especialista afirma ainda que a campanha de Boulos não pode correr o risco de que ele seja percebido como um candidato que “joga sujo”, para evitar a associação à Marçal, por isso precisará conter os ataques pessoais ao rival.

Cláudio acredita que Boulos apostará no discurso de que a maioria dos paulistanos quer a mudança, já que não votou em Nunes no primeiro turno. A estratégia já vem sendo adotada pelo psolista desde o resultado do primeiro turno.

Nunes, por outro lado, tem o desafio de evitar que a rejeição dos paulistanos a Jair Bolsonaro (PL) chegue à sua campanha. “Ele corre o risco, se expuser muito o Bolsonaro, de acabar atraindo para si a rejeição que há muito forte ao Bolsonaro na cidade de São Paulo”, afirma o professor.

Nunes chegou a esconder o ex-presidente no início da campanha, mas, em meio ao avanço de Marçal entre bolsonaristas, acabou adotando uma postura mais à direita para agradar os apoiadores de Bolsonaro, como se posicionar contra a obrigatoriedade da vacinação.

A moderação no discurso do segundo turno vai depender em parte do que disserem os próximos levantamentos. A expectativa da campanha de Nunes é de que os eleitores de Marçal estejam agora ao lado dele.

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