Como empresas ligadas ao PCC obtiveram contratos com prefeituras de SP
De acordo com MPSP, contratos públicos alvos de fraude somam R$ 200 mi; líder do esquema é Vagner Borges Dias, o “Latrell Brito”
atualizado
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São Paulo — O principal alvo da operação deflagrada nesta terça-feira (16/4) pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra um esquema de fraudes em contratos públicos em benefício de empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) é o empresário e cantor Vagner Borges Dias, conhecido como “Latrell Brito”. Os contratos fraudados somam cerca de R$ 200 milhões.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a empresa Vagner Borges Dias ME, que pertence a Latrell Brito, teve um “aumento vultuoso” em seu ativo no período em que obteve diversos contratos, diretamente ou por meio de empresas em nome de funcionários de Latrell.
Os contratos foram firmados com prefeituras, câmaras municipais e governo do estado, para a prestação de serviços de limpeza, vigilância e fiscalização. Na operação desta terça, três vereadores foram presos, Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos; e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel.
Entre as empresas, estão a Mova Empreendimentos, registrada em nome de Joyce da Silva Caetano e Java Comercial e Serviços Eireli, registrada em nome de Wellington Costa, ambos funcionários da Vagner e alvos de mandados de prisão.
A partir da quebra de sigilo telemático de envolvidos, o MPSP identificou ainda que um grupo de empresas ligadas a Vagner atuava para simular a concorrência em certames para a obtenção de contratos.
Segundo as investigações, o grupo costumava alternar os representantes das empresas participantes dos certames. Entre eles, Márcio Zeca da Silva, o “Gordo”, apontado como integrante do PCC; Carlos Roberto Galvão Júnior, conhecido como “Juninho”; e Antonio Carlos de Morais. Todos foram alvos de mandados de prisão.
Wellington Costa, conhecido como “Bola”, é apontado como o responsável pela atuação mais contundente no pagamento de propinas a agentes públicos cooptados.
Até o fim da manhã desta terça-feira, o MPSP havia cumprido 13 dos 15 mandados de prisão temporária e 42 ordens de busca e apreensão na Operação Munditia. Dois alvos seguem foragidos.
Foram apreendidos R$ 600 mil em espécie, R$ 3,5 milhões em cheques e US$ 8,7 mil. Além disso, quatro armas, munições de diferentes calibres, 22 celulares e 22 computadores.