Como cidade do interior de SP ajudou a bombar o basquete no país
Expoente no cenário nacional, Franca venceu o NBB e é tida como a Capital do Basquete; fãs do esporte no Brasil triplicaram na última década
atualizado
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São Paulo — O principal campeonato de basquete masculino do país conheceu nessa quinta-feira (13/6) seu campeão nacional de 2024. O Sesi-Franca fechou a série final do NBB (Novo Basquete Brasil) em 3 jogos a 1 contra Flamengo após uma vitória por 69 a 59 no Rio de Janeiro. Enquanto isso, nos Estados Unidos, Boston Celtics e Dallas Mavericks chegam nesta sexta-feira (13/6) à quarta partida — de um total que pode chegar a sete jogos — das finais da NBA (National Basketball Association), a liga de basquete mais famosa do mundo.
O número de fãs de basquete declarados no Brasil triplicou na última década. Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Ibope Repucom, em 2013, 20 milhões de pessoas diziam ser admiradoras da modalidade, o que corresponde a 38% dos brasileiros conectados à internet com 18 anos ou mais. Quase dez anos depois, em 2022, o número saltou para 58 milhões e agora equivale a 52% do grupo pesquisado.
Esse crescimento pode ser explicado por uma série de fatores, mas, em São Paulo, o caminho passa por Franca, no interior do estado.
“Símbolo da cidade”
A relação da cidade com o esporte começa na década de 1950, quando um educador chamado Pedro Morilla Fuentes, conhecido como Pedroca, começou a divulgar o esporte na região.
Dos alunos do professor Pedroca saíram nomes históricos de Franca. Caso de Hélio Rubens Garcia, jogador e treinador que marcou época com a equipe local e continua o legado por meio do filho, Helinho, atual treinador do Sesi-Franca.
O basquete está na bandeira municipal de Franca, representado por uma bola laranja.
O presidente do conselho do Sesi-Franca, e vice-presidente da Liga Nacional de Basquete (LNB), Carlos Renato Donzelli, de 54 anos, afirma que as gerações presentes, e as futuras, carregam a responsabilidade de manter o legado daqueles que tornaram a cidade a “Capital do Basquete”.
“A gente recebe de geração em geração a responsabilidade de manter essa chama acesa”, disse Donzelli à reportagem.
A origem “escolar” do clube de Franca já revela o papel social do projeto. Segundo Donzelli, o projeto atual mescla o desempenho esportivo com a função social e “permite que os jovens e as crianças enxerguem horizontes de vida por meio do basquete”.
O vice-presidente da LNB lembra da importância de investidores e parceiros, que ajudam a fazer com que uma equipe de uma cidade do interior, com um pouco mais de 350 mil habitantes, enfrente clubes de grandes capitais de igual para igual.
O sucesso da modalidade no estado chamou atenção também dos clubes do futebol. Equipes como Corinthians e São Paulo aparecem hoje como times relevantes no cenário brasileiro da categoria.
Donizelli acredita que a presença deles em competições pode ajudar na “migração” de torcedores de futebol para o esporte da bola laranja.
NBA como porta de entrada
A popularização da NBA (liga de basquete dos Estados Unidos) no Brasil também contribuiu para um salto no número de fãs de basquete no país. Donzelli vê o sucesso dos times norte-americanos como uma porta de entrada para que jovens e crianças comecem a acompanhar e praticar o esporte. “Eu e meu filho assistimos aos jogos da NBA e depois assistimos aos jogos da LNB indo à quadra. Uma coisa puxa a outra”, conta.
O basquete dos Estados Unidos também serviu como um elo para os irmãos Everton e Gustavo Santana, de 21 e 35 anos. O mais novo foi quem começou a se interessar pela NBA. Para acompanhar o caçula, Everton também passou a ser um adepto do esporte e, agora, os dois frequentam juntos eventos esportivos.
No último domingo (9/6), eles foram a um evento na capital paulista para assistir à transmissão de uma partida pelas finais do campeonato norte-americano, disputadas entre os times Boston Celtics e Dallas Mavericks.
A organização do evento NBA House afirma que São Paulo é a cidade brasileira escolhida para o evento anual porque é onde está a maior base de fãs da NBA no país.
Marcelo Ferrari, de 47 anos, também foi à “casa da NBA”, instalada no Parque Villa-Lobos, zona oeste da capital, no último domingo. Ele disse à reportagem que percebe um aumento nos fãs do esporte ao longo dos anos: “As pessoas estão tendo mais acesso a canais que transmitem a NBA”.
O torcedor do Golden City Warriors gostaria que o evento levasse ao público transmissões também dos jogos nacionais.
“Acho que o evento deveria acontecer mais vezes, não só na final. A NBB (Novo Basquete Brasil, o principal campeonato brasileiro) também deveria fazer. O público que gosta de basquete vai estar presente”, disse Marcelo.
Campeões à vista
Se o NBB já sabe que o Sesi-Franca é o campeão da temporada, a NBA está prestes a decidir quem ficará com o troféu Larry O’Brien de 2024.
Na liga norte-americana, o Boston Celtics lidera a série que pode chegar a 7 partidas. Com 3 vitórias sobre o Dallas Mavericks, os celtas estão a uma vitória do 18° título.
No campeonato brasileiro da NBB, o Sesi-Franca se tornou campeão nessa quinta-feira (13/6), ao derrotar o Flamengo por 69 a 59 (veja imagens abaixo) e fechar a série, melhor de 5, por 3 x 1.
Com a conquista, a equipe agora tem 14 títulos brasileiros e segue sendo a maior campeã nacional.