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Como atuação “caótica” de Pablo Marçal impacta Nunes e desgasta Boulos

Atuação de Pablo Marçal mira disputa de votos bolsonaristas com Nunes e desfavorece estratégia de Boulos de atrelar radicalismo ao prefeito

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Montagem mostra Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Guilherme Boulos - Metrópoles
1 de 1 Montagem mostra Ricardo Nunes, Pablo Marçal e Guilherme Boulos - Metrópoles - Foto: Arte Metrópoles

São Paulo – Boné com slogan de campanha, enxurrada de vídeos em redes sociais e até simulação de “exorcismo” utilizando uma carteira de trabalho são vistas como estratégias do candidato Pablo Marçal (PRTB) para provocar o caos, manipular situações e confundir seus adversários na disputa à Prefeitura da capital.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles, a postura de Marçal nos debates e nas redes tem efeito direto sobre as campanhas do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do deputado federal Guilherme Boulos (PSol). Ainda que em polos opostos, tanto Nunes quanto Boulos podem ser enfraquecidos pelas ações “caóticas” do influencer.

Marçal se coloca como o representante do bolsonarismo na cidade, mesmo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiando a reeleição de Nunes. Para a cientista política Juliana Fratini, o candidato do PRTB apresenta um “comportamento disruptivo” semelhante ao de Bolsonaro na eleição de 2018, quando se elegeu presidente, ao se colocar como uma pessoa descontente com o sistema político habitual.

“Isso enfraquece o Nunes. É como se o Marçal estivesse dizendo que é um candidato tão forte quanto o Bolsonaro foi um dia. É a imagem que ele quer passar, de que ele é o Bolsonaro de ontem, como se o Bolsonaro, de alguma forma, tivesse sido tragado pelo sistema”, afirmou Juliana Fratini.

Marçal, inclusive, já minimizou a participação de Bolsonaro na campanha de Nunes e declarou que o ex-presidente foi obrigado a “engolir” o prefeito para manter apoios políticos — a aliança com o prefeito foi costurada por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, mas Bolsonaro fez questão de indicar o vice na chapa do emedebista.

Uma das estratégias de Marçal, ainda segundo Fratini, tem sido a de desacreditar situações e, ao invés de debatê-las, levantar novos problemas e informações para forçar outros candidatos a gastarem muito mais tempo se defendendo do que expondo projetos ou atacando.

“Ele distorce uma situação que tem preceitos reais para diminuir o oponente, por isso, causa essa confusão. A pessoa passa o tempo todo se defendendo ao invés de contar o que realmente aconteceu. Ele é um grande manipulador, por isso gera esse caos”, disse.

Boulos tem sido o principal alvo dos ataques de Marçal, que já alegou mais de uma vez, sem provas, que o candidato do PSol seria “cheirador de cocaína”. Na visão da cientista política Denilde Holzhacker, isso “desvia a atenção” de Nunes e provoca um efeito contraditório: a atuação força Boulos a reduzir seus ataques ao prefeito para se defender das acusações de Marçal, mas tira o protagonismo Nunes diante do influenciador, com quem disputa o eleitorado bolsonarista.

“A falta de carisma do próprio Nunes faz com que ele não seja o centro das campanhas. O Nunes precisaria adotar a estratégia de que ele é o centro, mas não me parece que esteja indo nesta direção”, declarou.

Efeito Marçal sobre Boulos

Entre marqueteiros que estão trabalhando nas campanhas, a avaliação é que, ao voltar a carga a Boulos, Marçal rivaliza com todos os demais candidatos na disputa pelo eleitorado que já tem resistência ao candidato do PSol.

Um desses profissionais, ouvido pelo Metrópoles, disse acreditar que Marçal acaba tomando votos de um eleitorado que poderia ir para Nunes e, em menor escala, até de quem votaria no apresentador José Luiz Datena (PSDB), que está posicionado na disputa como nome de centro.

Para eles, a forma de atuação de Marçal não tira votos de Boulos, mas pode drenar parte da capacidade do deputado de reduzir sua rejeição caso caia em provocações — como fez nessa quarta (14/8), ao dar tapas ao vento na tentativa de tomar uma carteira de trabalho que Marçal lhe exibia para associá-lo a uma imagem de quem não gosta de trabalhar. Após o debate, Boulos justificou a reação dizendo que não tem “sangue de barata”.

Ainda segundo os marqueteiros, mesmo essas escorregadas de Boulos têm certa limitações, porque parte do eleitorado pode avaliar, também, que Boulos fez certo em reagir a provocações de um candidato agressivo.

Para Fratini, contudo, a resposta de Boulos aos ataques de Marçal pode prejudicar a tentativa do psolista de afastar a imagem de radical que tanto o influenciador quanto Nunes tentam colar nele, por seu passado como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

“Isso o afeta, porque Boulos passou a ser e ter algum tipo de moderação mais recentemente para pleitear essa candidatura dele, embora seu histórico [de militância] seja todo diferente”, disse.

Já Holzhacker acrescenta que a imagem caótica de Marçal contribui para apresentar um perfil moderado de Nunes, enfraquecendo as tentativas de Boulos de atribuir ao prefeito a imagem de bolsonarista radical.

“Boulos fica com uma posição mais desfavorável na sua estratégia de associar o Nunes ao bolsonarismo, mesmo que Nunes seja o candidato do Bolsonaro”, concluiu.

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