Comissão Arns pede que Tarcísio anule homenagem a coronel da ditadura
Tarcísio de Freitas promulgou lei que dá nome de Erasmo Dias, coronel da ditadura militar, a rodovia no interior de São Paulo
atualizado
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São Paulo — A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão Arns) pediu nesta quinta-feira (29/6) que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anule a lei que dá o nome de Erasmo Dias, coronel da ditadura militar, ao entroncamento de duas rodovias em Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo.
Morto em 2010, Erasmo Dias foi secretário da Segurança Pública durante a ditadura e deputado por três vezes. Durante a sua gestão, determinou a invasão da da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) no 3º Encontro Nacional dos Estudantes, que pretendia restabelecer a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Em carta endereçada a Tarcísio, que promulgou a lei nessa quarta-feira (28/3), a Comissão Arns disse que Erasmo Dias foi “responsável por graves violações a direitos e à dignidade humana”
“Adepto do uso da truculência contra a população civil, os estudantes e os militantes da resistência ao golpe militar, Erasmo Dias, falecido em 2010, ostenta um tenebroso currículo formado a partir das suas posições de comando, quando empreendeu ações de repressão, tortura e morte nos chamados anos de chumbo”, diz trecho do texto.
Estudantes da PUC repudiam homenagem a coronel da ditadura
A lei foi proposta em 2020 pelo ex-deputado estadual Frederico D’Avila (PL), natural de Paraguaçu Paulista. No texto, D’Avila justificou que “merece destaque a sua notória participação no Movimento de Março de 1964, quando a sociedade reconhecia o Exército, na figura de Erasmo Dias, como a força que pôs fim à anarquia comunista”.
A homenagem provocou reação de estudantes e entidades ligadas à PUC-SP, que enviaram nota de repúdio ao gabinete de Tarcísio.
O governo estadual disse que o projeto de lei “foi analisado do ponto de vista técnico e jurídico” nos termos da Lei nº 14.707, de 8 de março de 2012.