Começa a trincar o apoio bolsonarista à reeleição de Ricardo Nunes
Bolsonaristas estão irritados com falta de espaço no governo Nunes e, principalmente, com os nomes aventados para a vaga de vice do prefeito
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão irritados com o que consideram “falta de reciprocidade” no tratamento dado aos bolsonaristas pelo prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e já ameaçam não embarcar na campanha à reeleição do emedebista em São Paulo, no ano que vem.
Como o Metrópoles mostrou em julho, a ala mais pragmática do bolsonarismo, que atuou para minar a pré-candidatura do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) à Prefeitura de São Paulo, queria espaço na gestão municipal como “contrapartida” pela ajuda que tem dado para fortalecer o palanque de Nunes na capital.
Além disso, os bolsonaristas reivindicam o posto de vice na chapa do atual prefeito, com o objetivo de derrotarem o deputado federal Guilherme Boulos (PSol-SP), pré-candidato com o apoio do PT. Segundo o Datafolha, Boulos lidera a corrida com 32%, enquanto Nunes aparece em segundo, com 24%.
A aliados, Nunes já descartou dar cargos a representantes do bolsonarismo no primeiro escalão da Prefeitura, com o argumento de que o PL, partido de Bolsonaro, já ocupa uma secretaria e integra sua base de apoio na Câmara Municipal.
Agora, os bolsonaristas acompanham com indignação uma série de nomes não alinhados ao bolsonarismo sendo especulados para o posto de vice na chapa do prefeito. O primeiro deles foi o da ex-prefeita e ex-petista Marta Suplicy, atual secretária de Relações Internacionais da gestão emedebista.
Ela foi sondada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, mas descarta se filiar ao mesmo partido de Bolsonaro. O gesto foi visto como um acinte pelos bolsonaristas, que se sentem cada vez mais escanteados na discussão sobre composição da chapa.
Nessa segunda-feira (4/9), um boato de que Valdemar toparia ceder a vice de Nunes ao União Brasil caso o deputado federal Kim Kataguiri aceitasse sair na chapa do prefeito — Kim aparece com 8% das intenções de voto no Datafolha — foi a gota d’água para os bolsonaristas. Assim como Marta, Kim também é crítico a Bolsonaro.
Para aliados do ex-presidente, Nunes tem “cozinhado” Bolsonaro apenas para evitar uma candidatura bolsonarista à Prefeitura paulistana que ameace seu projeto de reeleição e não dará nem espaço na gestão municipal nem a vice na chapa.
Eles acreditam que Nunes só chegou aos 24% no Datafolha — índice comemorado pelo prefeito — por causa das aparições ao lado de Bolsonaro e dos elogios feitos pelo ex-presidente — nos últimos meses, os dois tiveram cinco encontros em São Paulo, quase todos marcados por acenos mútuos.
Segundo um aliado próximo a Bolsonaro, o apoio do bolsonarismo a Nunes, que era dado como praticamente certo, “começou a trincar” e os bolsonaristas têm um ano para definir o que farão na eleição da maior cidade do país, considerada estratégica para a corrida presidencial em 2026. “Vamos tirar o pé”, resumiu o aliado, que não descarta uma candidatura própria bolsonarista para prefeito de São Paulo.