Comandante-geral diz que PM ainda luta contra ideologia dos anos 1960
Cássio Freitas, comandante-geral da PM, disse que corporação ainda luta contra ideologia dos 1960, quando enfrentava a esquerda armada
atualizado
Compartilhar notícia
São Paulo — O comandante-geral, Cássio Araújo de Freitas, afirmou em discurso durante a comemoração dos 54 anos de criação das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), na terça-feira (15/10), que a Polícia Militar (PM) ainda luta contra a ideologia que enfrentava no fim dos anos 1960, quando combatia os grupos da esquerda armada da época durante a ditadura militar. Questionado sobre frase ao final do evento, o coronel disse que se referiu a “crimes”.
“Em 1968, alguns colegas desse batalhão estavam diante de um grande desafio. Ou ter coragem ou se acovardar. Eles resolveram ter coragem e começaram a iniciar uma espécie nova de patrulhamento nas ruas da cidade de São Paulo para enfrentar a criminalidade organizada”, disse o comandante da PM. “Na verdade, terroristas urbanos que ousavam roubar bancos, matar pessoas, em nome de uma ideologia que, hoje, sabemos completamente fracassada, mas contra as quais [a qual] ainda lutamos”, completou.
O comandante referiu-se ao embrião do que, em 15 de outubro de 1970, viria a se tornar a Rota, criada com caráter ideológico pela repressão do estado para combater ações da esquerda armada durante a ditadura militar.
O discurso do coronel foi feito em um palanque onde estavam o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Também participaram do evento outros dez comandantes-gerais das PMs de outros estados.
Em sua fala, o líder da PM paulista também destacou o histórico da Rota ao longo do tempo, citando, por exemplo, a atuação do 1º Batalhão de Choque, como também é conhecida, durante os anos de 1980, período de transição para a democracia após 20 anos de ditadura militar.
“O nome se fortaleceu na década de 1980, com grandes amigos, contando cada vez mais as ocorrências difíceis que a unidade entregava para o cidadão paulista”, disse.
Citou também rebeliões em presídios, nos anos 2000, e os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra forças policiais, em 2006, quando disse que chamou os companheiros de farda a “irem para cima”, porque a “tropa lá fora estava cansada”.
O comandante-geral da PM também citou 2012, quando a Rota se envolveu em uma série de ocorrências violentas, incluindo chacinas como a da Tiquatira, na zona leste da capital paulista, com seis mortos, e a de Várzea Paulista, com mais nove mortos. Na época, a escalada de violência no estado de São Paulo levou à queda do então secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, conhecido por uma postura linha-dura à frente do cargo.
“Só paramos em 2012 por razões que não ousamos saber, e nem queremos, porque faz parte do passado, essa tropa foi puxado o freio de mão”, disse o atual comandante-geral da PM.
Sob o comando de Freitas, a PM esteve envolvida em operações policiais na Baixada Santista que terminaram em abril deste ano como mais de 100 mortos.
Recentemente, ainda no primeiro semestre, o atual secretário da Segurança Pública realizou uma série de mudanças no alto escalão da PM, promovendo oficiais com passagens pelo Batalhão de Choque a postos-chave da corporação.