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Com padre plantonista, velório coletivo em galpão dura 2 horas no litoral de SP

Esquema montado pela Prefeitura de São Sebastião tenta garantir velório rápido, mas digno, a parentes das vítimas da tragédia no litoral

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Corpo de vítima é retirado pelos bombeiros na Barra do Sahy em São Sebastião, litoral norte de São Paulo 2
1 de 1 Corpo de vítima é retirado pelos bombeiros na Barra do Sahy em São Sebastião, litoral norte de São Paulo 2 - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Sebastião (SP) – Diante da crescente contagem de mortos, cujos corpos têm sido retirados diariamente dos escombros na Vila do Sahy, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, a prefeitura local montou um galpão às pressas para garantir um velório com o mínimo de dignidade às famílias das vítimas da tragédia.

Até a noite de sexta-feira (24/2), a Defesa Civil paulista havia contabilizado 57 mortes. Desse total, 47 corpos já tinham sido identificados e liberados para velório e sepultamento; 10 ainda aguardavam identificação.

O velório coletivo foi improvisado em um galpão no centro da cidade. O local era usado para festas, mas foi adaptado para receber as cerimônias de funeral, que não duram mais do que duas horas.

Equipes contratadas pela prefeitura, com enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e um grupo ecumênico, com padres e pastores, trabalham no local em esquema de plantão, para receber e atender aos familiares à medida que os corpos vão chegando do Instituto Médico-Legal (IML).

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Tragédia deixou 65 mortos no litoral norte paulista

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Na tarde de sexta-feira (24/2), o Metrópoles acompanhou o velório do casal de aposentados Neusa Luiz Rodrigues Silveira, de 76 anos, e Mario Rodrigues Silveira, de 83, que viveram juntos por 40 anos e moravam na Vila do Sahy até serem arrastados pela enxurrada de lama durante o Carnaval.

Dentro do galpão, são proibidas filmagens e fotografias. Os corpos ficam em um palco que funciona como altar, enquanto os parentes acompanham, acomodados em sofás. Os caixões chegam lacrados, com a foto do rosto da vítima fornecida por parentes, e o nome impresso em folha sulfite. No fundo, coroas de flores genéricas, em nome da prefeitura, de vereadores e de outras entidades, compõem a decoração fixa, compartilhada por todas as cerimônias.

Comoção

Apenas 30 familiares e amigos puderam comparecer ao evento fúnebre do casal Neusa e Rodrigues. A comoção era enorme, e alguns presentes tiveram que ser atendidos por enfermeiras durante a cerimônia.

“Eles eram muito alegres”, resume o filho mais velho do casal, o caseiro Marcelo Augusto Rodrigues Silveira, de 55 anos, que cantou uma música evangélica em memória aos pais no momento da breve cerimônia.

No dia da tragédia, Neusa e Rodrigues chegaram a acalmar um dos filhos do casal durante o temporal na madrugada de domingo (19/2). Só quando amanheceu foi que Marcelo soube que os pais haviam falecido.

Os funcionários a serviço do velório têm a função de descobrir a religião das vítimas que passam por ali para organizar as cerimônias conforme as tradições das famílias. No caso do par de aposentados, Rodrigues era católico, e sua mulher, evangélica. Por isso, um representante de cada igreja conduziu uma oração de despedida.

Embora seja possível realizar cerimônias particulares, o velório coletivo tem sido a opção mais viável diante do caos provocado pela tragédia na costa sul de São Sebastião. “Ficamos aqui à espera de quem chega. Sai um, logo vem o outro. Depois, eles vão para o cemitério”, resumiu uma funcionária do velório improvisado.

Identificação de corpos

Até o fim da noite de sexta-feira (24/2), 47 dos 57 corpos resgatados já haviam sido identificados pelo IML. Os técnicos têm uma estrutura de apoio montada para ser acionada caso não haja condições de realizar o trabalho de identificação, diante da falta de impressões digitais ou outras informações. É um laboratório na sede da Polícia Técnico-Científica, no Butantã, zona oeste da capital paulista, responsável por fazer as análises de DNA.

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