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Com medo de ser morto, cangaceiro do PCC se escondeu em spa de luxo

Sistema de escuta foi instalado pela PF na suíte do criminoso. A polícia conseguiu interceptar conversas entre membros do Novo Cangaço

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Arte gráfica com homem branco, cabelo curto, sem barba, camiseta preta ladeado por grandes notas de dinheiro, com fundo preto, no qual há dois fuzis cruzados e manchas de sangue - Metrópoles
1 de 1 Arte gráfica com homem branco, cabelo curto, sem barba, camiseta preta ladeado por grandes notas de dinheiro, com fundo preto, no qual há dois fuzis cruzados e manchas de sangue - Metrópoles - Foto: Arte/Metrópoles

São Paulo — Líder de uma quadrilha do Novo Cangaço ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), Fleques Pereira Lacerda, o Pequeno, foi executado a tiros por rivais da própria facção quando estava em uma barbearia de Osasco, na Grande São Paulo, no fim do ano passado.

O assassinato gerou tensão em aliados, em especial ao parceiro nos negócios ilegais e amigo Janes Nogueira da Silva, que trocou mensagens com a esposa, Valquíria Marques da Silva, e desabafou sobre o medo de ser o próximo alvo dos rivais.

“Provavelmente, a mira deles agora é eu [sic] e o irmão do Fleques, certo?”, afirma Janes em mensagens interceptadas pela Polícia Federal (PF), obtidas pelo Metrópoles.

O irmão de Pequeno, a quem Janes se refere, é Delvane Pereira Lacerda, o Pantera, que assumiu a liderança dos cangaceiros do PCC e, para vingar a morte do irmão, promoveu uma carnificina em São Paulo e no Piauí.

Janes, em contrapartida, trocou o banho de sangue pelo de piscina. Ele preferiu fugir e, para isso, decidiu se hospedar por 15 dias em um resort e spa de luxo, em Olímpia, interior de São Paulo.

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Passos de criminoso forma acompanhados desde o check-in
Janes foi de carro até spa
Janes Nogueira da Silva
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Janes Nogueira da Silva ficou isolado por 15 dias em resort de luxo

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Passos de criminoso forma acompanhados desde o check-in

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Janes foi de carro até spa

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Cientes da fuga sabática de Janes, policiais federais conseguiram uma autorização judicial para instalar um sistema de escuta na suíte do criminoso. Além de ouvirem as conversas de Janes, a estadia dele foi acompanhada de perto pelos federais, que registraram a rotina do criminoso no complexo termal, cujas diárias oscilam entre R$ 775 e R$ 2.189.

Roubo a banco

Em uma das conversas ouvidas pela PF, de 21 de dezembro do ano passado, Janes fala sobre o envolvimento em um roubo a banco, acrescentando que não iria mais se envolver com este tipo de crime.

“Eu não mexo mais com negócio de roubo a banco, esses bagulho [sic] de querer dar pau em banco. Eu não vou mais dar pau em nada.”

Como revelado pelo Metrópoles, uma tentativa frustrada de roubo a uma transportadora de valores em Confresa (MT) ajudou a polícia a identificar o grupo do Novo Cangaço ao qual Janes faz parte.

Diálogos captados entre os dias 14 e 15 de dezembro mostram o investigado negociando compra e venda de armas, entre elas pistolas e uma escopeta calibre 12.

“Vou comprar duas [pistolas] de nove milímetros, ou então uma nove e uma [pistola] ponto quarenta […] Eu quero uma [calibre] 12 também”, falou.

As investigações identificaram quatro fornecedores de armas para o núcleo do Novo Cangaço, entre eles três Colecionadores Atiradores Esportivos e Caçadores (CACs), sendo dois deles vigilantes de empresas de transporte de valores.

Lavagem de dinheiro

Ainda no dia 15 de dezembro, a PF ouviu uma conversa na qual Janes fala sobre lavagem de dinheiro de atividades criminosas. Policiais federais, então, apuraram que ele pagava boletos para ocultar parte do dinheiro do bando.

Ele usava o “smurfing“, prática na qual grandes quantidades de dinheiro são fragmentadas em pequenos valores movimentados por meio de diversos depósitos.

Com essa prática, ele “lavou”, com a ajuda da esposa, mais de R$ 7 milhõezs em seis meses, conforme mostram relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Com as provas, a PF conseguiu incluir Janes no rol de 18 suspeitos de envolvimento com roubos a banco, homicídios, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Ele está preso, da mesma forma que Pantera e outros membros da quadrilha. O grupo foi detido durante a segunda fase da Operação Baal, deflagrada no último dia 10 pela PF e pelo Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo.

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