Com “fique em casa” bolsonarista, 7/9 deve ser esvaziado em SP

São Paulo – O tradicional desfile cívico-militar do feriado de Sete de Setembro, nesta quinta-feira (7/9), na capital paulista, deve ser esvaziado após políticos e militantes bolsonaristas pregarem o “fique em casa”.

O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que vinha sendo cobrado por aliados para participar do evento em São Paulo, não comparecerá.

O desfile, marcado para iniciar às 8h no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital, contará com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Será o primeiro encontro entre os dois após a crise aberta entre Nunes e bolsonaristas. Na terça-feira (5/9), por exemplo, o prefeito se esquivou ao ser questionado sobre sua proximidade com Bolsonaro. “Eu, do lado do Bolsonaro!?”, respondeu o emedebista a uma estudante durante evento na universidade Faap.

No mesmo dia, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, articulador bolsonarista responsável pela ponte entre Bolsonaro e Nunes, externou a insatisfação com o desdém do prefeito ao bolsonarismo.

“Ninguém, repito, ninguém se apropriará de votos bolsonaristas e deixará Bolsonaro distante. A era dos gafanhotos acabou. Fica a dica”, escreveu Wajngarten nas redes sociais.

Inicialmente, Tarcísio se encontraria com Nunes na manhã de quarta (6/9), durante visita a um centro de atendimento a dependentes químicos no Tatuapé, na zona leste da capital. No entanto, o governador – que é afilhado político de Bolsonaro – não compareceu, mesmo após ter confirmado presença na agenda.

Auxiliares de Tarcísio negam que o governador tenha deixado de ir ao evento por causa da fala de Nunes. Internamente, enxergam que Tarcísio, também apontado como herdeiro político de Bolsonaro após a inelegibilidade do ex-presidente até 2030, busca fugir da politização em torno do feriado do 7/9.

As convocações de Bolsonaro ao 7/9

Em 2021,  então presidente Jair Bolsonaro compareceu ao ato de 7/9 na Avenida Paulista, após insuflar o sentimento de revolta contra instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF).

Na ocasião, Bolsonaro declarou a milhares de manifestantes que vestiam verde e amarelo (foto em destaque) que não cumpriria mais decisões proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, chamado por ele de “canalha” em discurso em cima do caminhão de som.

Bolsonaro disse que “só Deus” o tiraria da Presidência da República. “Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso”, afirmou o ex-presidente, que é alvo de uma série de inquéritos no STF, entre eles, agora, o que investiga a venda ilegal de joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita.

Já no ano passado, em plena campanha eleitoral, o então presidente participou do desfile em Brasília e de um ato no Rio de Janeiro. Em São Paulo, na ocasião, Tarcísio esteve na Paulista ao lado de outros bolsonaristas como os deputados federais Eduardo Bolsonaro, Ricardo Salles e Carla Zambelli (todos do PL), além do senador Marcos Pontes (PL).

Embora tenham evitado pedir votos no palanque, todos utilizaram do evento como ato eleitoral.