Collor e Maluf: cúpula do PCC usa nomes de políticos para despistar PF
Investigação da PF mostra que Marcola e outros membros da cúpula do PCC estão usando nomes de políticos para tentar driblar autoridades
atualizado
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São Paulo — Chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC) que cumprem pena em presídios federais começaram a usar nomes ligados à política nacional em mensagens, chamadas de “salves” pela facção, enviadas para outros membros da organização com o objetivo de dificultar a identificação deles por parte das autoridades.
As mensagens, nas quais constam nomes como o do ex-presidente Fernando Collor de Mello, do ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e do ex-deputado federal Eduardo Cunha, conhecidos pelo envolvimento em escândalos de corrupção, foram enviadas para comparsas da cúpula que estão nas ruas e, também, em outras unidades do sistema prisional.
A nova estratégia da maior facção do Brasil foi descoberta, pela Polícia Federal (PF), em uma investigação que mira familiares de Marco Herbas Willian Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC, o irmão dele Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, e o parceiro de ambos no mundo do crime, Gilmar Pinheiro Feitoza, o Gigi.
A investigação da PF foi revelada pelo jornalista Josmar Jozino, no UOL.
Cunha, Collor e Maluf
Segundo a investigação da PF, Marcola é chamado de Cunha, Marcolinha, de Maluf, e Gigi, de Collor.
Os novos apelidos foram identificados em um bilhete apreendido na residência de Francisca Alves da Silva, mulher de Marcolinha, no cumprimento a um mandado de busca e apreensão, em abril deste ano, no âmbito da Operação Primma, da PF.
Ao Metrópoles, o promotor Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou nesta quinta-feira (11/7) “ser comum” criminosos usarem novos codinomes “para despistar a polícia”. O promotor investiga o PCC há duas décadas e já foi alvo de um plano de sequestro e assassinato da facção, descoberto pela PF no ano passado.
Salve da cadeia
A operação da PF mostra que o bilhete apreendido na casa da mulher de Marcolinha teria sido enviado da penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista. O local é um dos redutos do PCC em São Paulo.
No “salve” eram prestadas contas das atividades da facção. Além disso, na mensagem havia ordens, oriundas da cadeia, atribuídas a Cunha e Maluf, ou seja, aos chefões presos no sistema federal.
A mulher de Marcolinha, conhecida no mundo do crime como Preta, e o enteado dela, Leonardo Alexander Ribeiro Herbas Camacho, o Léo, filho de Marcolinha, estão presos, acusados de associação criminosa.
A defesa deles não foi encontrada pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.