metropoles.com

Colégio de elite quer rever acordo com bolsistas após morte de aluno

Parceria entre Colégio Bandeirantes e ONG para bolsistas está abalada após morte de estudante de 14 anos que era vítima de bullying

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução/ Colégio Bandeirantes
Parceria entre o Colégio Bandeirantes e a ONG para bolsistas, Ismart, está abalada após morte de aluno que era vítima de bullying - Metrópoles
1 de 1 Parceria entre o Colégio Bandeirantes e a ONG para bolsistas, Ismart, está abalada após morte de aluno que era vítima de bullying - Metrópoles - Foto: Reprodução/ Colégio Bandeirantes

São Paulo — O Colégio Bandeirantes, na zona zul de São Paulo, avalia cancelar a parceria com a Ismart, ONG para bolsistas que faz a ponte entre adolescentes de baixa renda e unidades de ensino de elite. A decisão será revista após um adolescente de 14 anos que foi vítima de bullying tirar a própria vida.

O Instituto Social para Motivar, Appoiar e Reconhecer Talentos (Ismart) foi criado em 1999 com a missão de identificar jovens talentos de baixa renda, de 12 a 15 anos de idade, e oferecer a eles bolsas em escolas particulares de excelência.

Um relatório do próprio Bandeirantes, do ano de 2021, afirma que o colégio contava com aproximadamente 100 alunos do Ismart. “É nossa parceria mais antiga”, apontou a diretora de Planejamento Estratégico do Band, Helena Aguiar, no texto.

Porém, na terça-feira (13/8), tudo começou a mudar. Após a família do jovem morto ter responsabilizado a escola e de estudantes terem feito protestos na porta do local, a diretora de convivência do Bandeirantes, Estela Zanini, disse ao UOL que é preciso “rever algumas coisas da parceria”.

Ela apontou uma divergência na rotina dos profissionais que atendem aos bolsistas da ONG no colégio: a cúpula do Bandeirantes está insatisfeita com a carga horária desses analistas. A direção quer que os parceiros estejam na escola durante o horário das aulas, mas o instituto não vê isso como uma opção viável.

A CEO do Ismart, Mariana Monteiro, também conversou com o veículo sobre o assunto. Ela ressaltou ser preciso aprimorar o processo de inclusão dos bolsistas sem encerrar as parcerias.

“Nível de agressividade”

No dia 14 de agosto, foi realizada uma sessão do Conselho Estadual de Educação. Na ocasião, o assessor do núcleo de estratégia e inovação do Bandeirantes, Mauro Salles Aguiar — que foi diretor do colégio de 1996 a 2003 —, criticou a reação dos bolsistas durante reunião realizada no próprio colégio para falar sobre a morte do adolescente. “Nível de agressividade grande e espantoso”, falou.

Além disso, o antigo diretor contou que, após o episódio, os outros bolsistas cobraram atendimento psicológico. “Escola não é clínica de psicologia”, disse Mauro.

Tanto o Colégio Bandeirantes quanto a ONG Ismart foram procuradas pelo Metrópoles para falarem sobre o possível rompimento da parceria e as declarações de Salles Aguiar. A escola afirmou que, no momento, “não dispõe de informações adicionais para compartilhar”.

O Ismart informou que não há nenhuma alteração prevista na sua parceria com o Colégio Bandeirantes.

Família acusa escola

O adolescente morreu no último dia 13. A família do aluno diz que ele era vítima de bullying por ser gay, negro e de origem humilde.

Na ocasião, em um texto publicado nas redes sociais, o tio do jovem afirmou que a instituição estava se isentando de “qualquer responsabilidade” e que a situação vivida pelo adolescente escancarava o “descaso” do colégio.

Em um áudio atribuído ao adolescente, obtido pela reportagem, ele afirma que sofria ataques verbais de outros alunos.

Em nota enviada ao Metrópoles após a morte do aluno, o Colégio Bandeirantes disse que “toda a comunidade escolar está profundamente abalada com essa perda irreparável”. A instituição afirma ter oferecido “apoio e solidariedade” à família e aos amigos do adolescente.

Busque ajuda

O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado.

O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem. Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.

Arte/Metrópoles

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?