Coaches estrangeiros de “curso para conquistar mulheres” viram réus
Justiça tornou coaches estrangeiros réus pelos crimes de atrair à exploração menores de idade. Brasileiro envolvido teve passaporte retido
atualizado
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São Paulo — Dois coaches estrangeiros e um brasileiro que criaram um curso sobre como conquistar mulheres se tornaram réus pela Justiça Federal de São Paulo.
O trio, conhecido como Millionaire Social Circle, está sendo investigado desde fevereiro de 2023, após festa em uma mansão no Morumbi, na zona sul de São Paulo. O evento, que fazia parte do curso, contou com a presença de menores de idade.
Segundo o G1, o trio vai responder pelos crimes de atrair à exploração pessoas com menos de 18 anos de idade e de induzir à exploração, mediante fraude com lucro.
O caso é contra Fabrício Marcelo Silva de Castro Junior, brasileiro; Ziqiang Ke, ou Mike Pickupalpha, chinês; e Mark Thomas Firestone, conhecido como David Bond ou Steven Mapel, norte-americano. O processo corre na 4ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Fabrício teve seu passaporte apreendido e sua saída do país, mesmo que com um RG para os países do Mercosul, deverá ser comunicada à Polícia Federal e impedida.
Relembre o caso dos coaches estrangeiros
A Polícia Civil de São Paulo abriu uma investigação sobre uma festa organizada no dia 26 de fevereiro de 2023, por coaches estrangeiros em uma mansão no Morumbi, na zona sul da capital paulista. Segundo relato à polícia de uma das mulheres presentes no evento, a festa teria sido usada como uma “aula prática” de um curso promovido pelo grupo Millionaire Social Circle para conquistar mulheres no país.
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima, de 27 anos, conheceu um homem por um aplicativo de relacionamentos, que a convidou para uma festa. O local estava cheio de homens estrangeiros que tiraram fotos e vídeos dela para promover o curso sobre relacionamentos.
A ocorrência foi registrada como “favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual e agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual”. O caso foi investigado pelo 34º Distrito Policial (Morumbi).
O curso do MSC já foi realizado em outros países, como Costa Rica, Colômbia e Filipinas. O preço cobrado pela “consultoria”, mais a viagem de duas semanas para um país, é de US$ 12 mil. Também há opção da compra de um pacote com seis países, por US$ 50 mil. No “programa”, segundo a própria descrição no site oficial, os coaches ensinam como abordar mulheres, em diferentes locais, e como “levar uma mulher para cama” em apenas um dia.
São Paulo estava na lista do curso. Em vídeo, David Bond e Mike Pickupalpha explicaram os motivos para o Brasil ser um dos países escolhidos para o curso, que já passou por outros locais do mundo. O programa no país ocorreu entre os dias 14 e 28 de fevereiro, época do Carnaval.
Na lista, o Brasil é apresentado como um país com “mulheres incrivelmente lindas”, “sexualmente aberto” e onde “beijar na boca é o mesmo que apertar as mãos”. Segundo os coaches, a palavra para definir o Brasil é “exótico”. Para a dupla, a palavra pode ser usada também para classificar as mulheres, as praias, a música, a cultura e a “justaposição de ricos e pobres” no país.
A lista de “benefícios” se estende às mulheres especificamente. Segundo o MSC, as brasileiras teriam as “melhores curvas” e, com elas, “as coisas evoluem rapidamente”. Elas também, segundo os coaches, gostam de contato físico e de homens “dominantes”. Um deles afirma que as brasileiras seriam mais permissivas do que mulheres de outras partes do mundo. Segundo o coach, se um “aluno” tentar beijar uma mulher no Brasil e ela não quiser, não haverá grandes consequências.
Após a festa promovida pelo Millionaire Social Circle ter se tornado alvo de investigação da Polícia Civil, os coachs apagaram os conteúdos relacionados ao curso de conquista oferecido no Brasil.