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Clínica onde paciente morreu cobra R$ 1 mil e tem interno como monitor

Responsável afirma que 4 de 23 pacientes pagam a estadia com trabalho em clínica investigada por tortura contra dependente em Cotia

atualizado

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Imagem de testa ferida com hematomas - Metrópoles
1 de 1 Imagem de testa ferida com hematomas - Metrópoles - Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

São Paulo — O enfermeiro e responsável técnico pela Comunidade Terapêutica Efatá, Cleber Fabiano da Silva, 48 anos, afirmou nesta terça-feira (9/7) que quatro pacientes trabalham também como colaboradores no local, em Cotia, na Grande São Paulo. Entre os internos contratados está Matheus de Camargo Pinto, 24, preso em flagrante por torturar um dependente químico que morreu na unidade.

A declaração do enfermeiro foi dada ao programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes. Segundo ele, que também é conhecido como pastor Cleber, a clínica conta com 23 pacientes, sendo que Matheus é um dos quatro que trabalham no local para ajudar a pagar a própria estadia.

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Paciente foi amarrado em cadeira semi nu
Vitima ficou com hematomas na cabeça
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Paciente foi amarrado em cadeira semi nu

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Vitima ficou com hematomas na cabeça

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O responsável técnico afirmou que a mensalidade custa entre R$ 1.000 e R$ 1.100. Os quatro internos que trabalham no local para sustentar a própria permanência fazem isso por não terem condições financeiras de bancar a internação.

Durante a entrevista, Cleber também disse que Matheus era considerado um monitor exemplar e atribuiu as agressões aos responsáveis pela remoção do interno agredido, que fazem parte de uma equipe terceirizada, sem relação com a clínica.

O responsável técnico também negou que a clínica tenha sido palco de agressões semelhantes em outras ocasiões. “Nessa unidade, nunca tinha acontecido. A gente não tem inquérito e denúncia nesse quesito”. afirmou.

O pastor também negou ter participado de qualquer tipo de agressão. “Não faz parte do procedimento. O procedimento correto é você conter, quando está agressivo, e medicar conforme prescrito pela psiquiatra”, disse.

Segundo Cleber, a clínica foi lacrada e os familiares de internos estão sendo avisados que têm 48 horas para providenciar a remoção.

Espancamento e morte

O delegado Adair Marques afirmou ao Metrópoles que a vítima, Jarmo Celestino de Santana, de 55 anos, foi espancada e, após passar mal, encaminhada para o Pronto Socorro de Vargem Grande Paulista, onde morreu.

“Ele, provavelmente, morreu por causa do espancamento, tudo indica que sim. Mas aguardamos que a perícia confirme a causa da morte”.

O delegado afirmou que Jarmo deu entrada na clínica na noite de sexta-feira (5/7), quando profissionais do local foram buscá-lo em casa.

Familiares acionaram a instituição alegando que Jarmo “estava surtado” na residência onde mora com a mãe, uma idosa. A agressividade ocorria por causa da dependência química do homem. Essa foi a última ocasião em que a família viu a vítima com vida.

A tortura ocorreu no intervalo de sexta para segunda-feira (8/7), como mostram as investigações da Polícia Civil.

Vídeo

“Cobri no pau”

Matheus amarrou a vítima em uma cadeira e decidiu gravar a cena. No vídeo, ele aparece, juntamente com outras pessoas, debochando de Jarmo. Todos usavam roupas de frio enquanto o homem estava sem camisa, vestindo somente uma bermuda.

O monitor também gravou um áudio, falando sobre a violência. “Cobri [a vítima] no cacete, cobri…Chegou aqui na unidade, [veio] pagar de bravo, cobri no pau”, afirmou.

Após ser preso, Matheus afirmou ter usado de força contra Jarmo, alegando que fez isso para “conter” o interno. Segundo o indiciado, o homem estaria exaltado e violento com outros pacientes.

As investigações, agora, focam na identificação de mais pessoas que possam ter participação na tortura seguida de morte.

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