Cíntia Chagas propôs multa de R$ 1 milhão por sigilo em divórcio. Veja
Deputado Lucas Bove não concordou com 1ª versão do acordo e baixou proposta para R$ 750 mil. Documento, porém, não chegou a ser assinado
atualizado
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São Paulo – A primeira versão do contrato de divórcio entre a influenciadora Cíntia Chagas e o deputado estadual Lucas Bove (PL) foi elaborada por ela e previa multa de R$ 1 milhão em caso de quebra do acordo de confidencialidade. O Metrópoles apurou que o valor foi revisado por Lucas Bove e, só então, reduzido para R$ 750 mil, na versão que se tornou pública. O contrato, porém, não chegou a ser assinado. O caso envolve denúncias de violência doméstica e teve grande repercussão nas últimas semanas.
Multa de R$ 1 milhão
Obtida com exclusividade pelo Metrópoles, a primeira versão do acordo de divórcio foi redigida pela equipe jurídica de Cíntia em agosto deste ano. O documento exige sigilo total de tudo que Cíntia Chagas e Lucas Bove viveram ao longo do casamento, que durou apenas três meses. A multa proposta em caso de desrespeito às cláusulas do documento foi de R$ 1 milhão (veja abaixo).
No arquivo, enviado inicialmente por Cíntia a Bove em agosto, ambos comprometem-se a “não divulgar os termos ou as motivações do divórcio, sob qualquer ângulo ou circunstância, ainda que tacitamente”. Além disso, os ex-companheiros deveriam se abster de realizar quaisquer postagens “de conteúdos críticos e/ou ofensivos” entre si em redes sociais, especialmente relacionadas ao desfecho do matrimônio.
“No caso de eventual questionamento público, a exemplo de entrevistas ou afins, ambas as partes deverão abster-se de mencionar o outro ou o desfecho do casamento, limitando-se a indicar que há cláusula de confidencialidade que os impede de tratar do assunto, sob pena de incorrer em multa, no valor de R$ 1.000.000,00, por postagem e/ou publicação e/ou declaração veiculadas, sem prejuízo de perdas e danos, ficando, contudo, excetuada, eventuais manifestações prévia e expressamente autorizadas, por escrito, pela outra parte”, detalha o contrato, que não foi assinado.
Acusado de agressão, o deputado paulista teria pedido revisão da multa e sugerido baixá-la para R$ 750 mil. Nenhuma das versões se tornou oficial. Em 4 de setembro, Cíntia registrou um boletim de ocorrência de violência doméstica contra o deputado estadual e entrou com pedido de medida protetiva, que foi acatado pela Justiça. A partir das denúncias, a juíza responsável pelo caso determinou o divórcio compulsório do casal.
Procurado, um dos advogados de Lucas Bove não quis se manifestar publicamente sobre o processo, em razão do segredo de Justiça que envolve o caso. Também contatado pelo Metrópoles, o advogado de Cíntia Chagas, Bernardo José Drumond Gonçalves, alegou estar “impedido” de comentar o valor da multa sugerido no contrato, devido ao “sigilo profissional e ético”.
As denúncias de agressão
O deputado estadual Lucas Bove (PL) foi acusado de agredir Cíntia Chagas. Ele teria atirado uma faca contra a então esposa depois que ela se negou a parar de jantar para tirar uma foto com Michele e Jair Bolsonaro (PL), durante o casamento da filha do empresário Paulo Junqueira, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, em agosto. Segundo a influenciadora relatou no BO, sua perna ficou ferida.
A agressão com arma branca teria sido o estopim para a separação do casal, mas, de acordo com Cíntia, as ameaças começaram há mais de dois anos, quando os dois ainda eram namorados. No início de setembro deste ano, a influencer registrou boletim de ocorrência contra o deputado estadual, mas as acusações só vieram à tona publicamente em outubro.
Bove é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por violência contra a mulher, violência psicológica, ameaça, injúria e perseguição. Atualmente, o deputado está impedido de chegar a menos de 300 metros da ex-companheira. Ele também não pode ligar, enviar mensagens de texto nem mencioná-la nas redes sociais. O processo tramita na Vara de Violência Doméstica do Fórum do Butantã, na capital.
Após pedidos de cassação do mandato de Lucas Bove serem protocolados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o político se defendeu publicamente. Afirmou que o “uso incorreto” da Lei Maria da Penha pode prejudicar quem realmente precisa de proteção da Justiça.
“Sou totalmente a favor, desde que condenado e transitado em julgado, da cassação de qualquer vagabundo que agredir uma mulher, o que não foi o meu caso”, disse, em discurso na Alesp, na semana passada.
Em entrevista recente, Cíntia Chagas disse que se separou de Bove por medo de se tornar “mais uma vítima de feminicídio”. A influencer ainda lamentou que o ex-marido tenha debochado de uma possível denúncia quando ainda eram casados.