“Chega, pelo amor de Deus”, pediu professora a aluno que a esfaqueava
Professora foi ferida por aluno da Escola Estadual Escola Thomazia Montoro com facadas e levou mais de 60 pontos; ela depôs nesta quinta
atualizado
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São Paulo – A professora de história Ana Célia da Rosa, 58 anos, afirmou nesta quinta-feira (30/3) que o adolescente que matou uma educadora e feriu outras quatro pessoas com uma faca na Escola Estadual Thomazia Montoro “estava com raiva do mundo” e que sente dó do menor agressor.
Ana Célia foi uma das esfaqueadas pelo estudante de 13 anos e prestou depoimento no 34º DP (Vila Sônia), na zona oeste de São Paulo, no início da tarde.
A professora contou que, no momento, com a gritaria dos alunos, ela imaginava que Elisabeth havia passado mal.
“Quando cheguei lá, ela já estava caída. Achei que o sangue no chão era porque ela tinha caído e se machucado. Ele [o agressor] veio na minha frente e eu pedi ajuda para ele. Foi quando ele me deu a primeira facada. Foi aleatório. Quando ele me deu a facada na perna, eu falei: ‘Chega, pelo amor de Deus, chega’. Só reconheci o rostinho dele quando a coordenadora tirou a máscara dele”, relatou.
Veja a entrevista dela:
A professora foi salva quando outra colega, a professora Cinthia Barbosa, chegou na sala e conseguiu imobilizar o aluno. “O meu anjo da guarda não dorme, nunca dormiu e não vai ser agora. Espero que ele [o agressor] o encontre na vida dele assim como encontrei na minha.”
60 pontos após facadas
Ana Célia foi internada no Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia. Ela recebeu alta na manhã de terça-feira (28), dia seguinte ao ataque. A professora recebeu cerca de 60 pontos pelo corpo.
“[O sentimento é] de dó. Ele estava com raiva do mundo. Quem ele pegasse, ele machucaria”, afirmou aos jornalistas.
A professora contou que levou as facadas do aluno no momento em que entrou na sala para socorrer a professora Elisabeth Tenreiro, 71 anos, que havia acabado de ser esfaqueada. Beth, como era conhecida, acabou morrendo no local.
Ana Célia foi a última vítima ouvida pela Polícia Civil. O 34º DP já ouviu cerca de 40 pessoas.
Nesta quinta, a Justiça autorizou a quebra de sigilo dos aparelhos eletrônicos do menor que foram apreendidos pela polícia. Segundo o delegado titular do caso, Marcus Vinícius Reis, o foco agora será na análise do material presente no celular do jovem infrator.
Volta às aulas
A Escola Estadual Thomazia Montoro vai retomar as aulas em 10 de abril. Na segunda (27), o aluno entrou na escola armado com uma faca, matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e feriu outras quatro pessoas.
A princípio, a previsão era que a escola ficasse fechada por uma semana.
Ana Célia disse que vai voltar para sala de aula. “Vou formar duas turmas do nono ano. Demorei muito para fazer minha faculdade. Não vou abandonar.”
Ataque
A professora Elisabeth estava em frente à mesa onde lecionava, conferindo o celular, quando o aluno a surpreendeu, e a golpeou ao menos 10 vezes pelas costas.
Segundo pais de estudantes, a professora teria apartado, na semana passada, uma briga entre o adolescente que a matou e outro estudante, e por isso se tornou alvo do agressor.
O aluno agressor foi apreendido, prestou depoimento e está internado na Fundação Casa.