metropoles.com

O papel do CGE de Tarcísio na reunião de teor golpista de Bolsonaro

Wagner Rosário, que era o CGU do governo Bolsonaro antes de indicação de Tarcísio, sugeriu força-tarefa para lidar com urnas eletrônicas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Isadora de Leão Moreira/ Governo de SP
Imagem colorida mostra Wagner Rosario, homem pardo, de terno e gravata, falando ao microfone
1 de 1 Imagem colorida mostra Wagner Rosario, homem pardo, de terno e gravata, falando ao microfone - Foto: Isadora de Leão Moreira/ Governo de SP

São Paulo — Atual controlador geral do Estado (CGE) na gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), Wagner Rosário (foto em destaque) era o chefe da Controladoria Geral da União (GCU) no governo de Jair Bolsonaro (PL) e foi um dos participantes da reunião com “dinâmica golpista” conduzida pelo ex-presidente em 5 de julho de 2022.

No encontro gravado, Rosário faz uma intervenção no momento em que se discutia formas de fiscalizar as urnas eletrônicas para a eleição presidencial. Atacar o sistema eleitoral era o ponto central do plano bolsonarista para contestar a iminente derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A gravação foi encontrada em um computador apreendido na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da ajudância de ordem de Bolsonaro, e citada em documentos da operação da Polícia Federal (PF) de quinta-feira (8/2), que cumpriu mandados de prisão e busca de suspeitos de arquitetar a tentativa de golpe de Estado.

Na decisão que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escreveu que a reunião “nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo”. As imagens foram disponibilizadas pelo STF nessa sexta-feira (9/2).

Participação do controlador

Wagner Rosário pediu a palavra na reunião logo após o então advogado-geral da União, Bruno Bianco, para se manifestar sobre uma fiscalização que a CGU já havia feito nas urnas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Eu recebi o último relatório de fiscalização da CGU e não tive coragem de mandar. O relatório estava horrível, uma merda. Não falava nada com nada”, disse Rosário.

Ele afirmou na reunião que a suposta falta de informações do relatório ocorria porque os técnicos da CGU “não olhavam nada” sobre as urnas. “A forma como foi montada [a urna] não permite uma fiscalização propriamente dita”, afirmou o atual CGE de Tarcísio.

Desta forma, continuou Rosário na reunião, seria preciso uma força-tarefa envolvendo a CGU, a Polícia Federal e as Forças Armadas para auditar as urnas em conjunto.

“Acho que essa junção [entre] Polícia Federal, Forças Armadas e CGU, a gente tem de fazer urgente. Botar as equipes e a gente chegar a um consenso”, disse. “Aí, não é mais as Forças Armadas falando, são três instituições”, completou. “E a gente tem de preparar para atuar em força-tarefa nesse negócio”.

Receio com gravação

Após propor o respaldo à fiscalização que vinha sendo feita pelas Forças Armadas, Rosário aparentou ter receio de que a reunião estivesse sendo gravada. “A reunião está sendo gravada?”, perguntou.

Embora estivesse, Bolsonaro e o então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, disseram que não. “Eu mandei gravar a minha fala”, disse o ex-presidente.

Diante da resposta negativa, Rosário continuou sua intervenção e lembrou aos presentes que o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia divulgado um relatório atestando a segurança das urnas eletrônicas.

Bolsonaro interveio a partir daí e não devolveu a fala a Rosário. Na sequência, o ex-presidente levantou suspeita sobre o ministro Bruno Dantas, do TCU, encarregado do relatório. “Acho que não tem bobo aqui”. Ao final, Bolsonaro elogiou a proposta de força-tarefa feita por Rosário.

Tarcísio, que foi eleito com o apoio de Bolsonaro, indicou Rosário para chefiar a Controladoria Geral do Estado (CGE) no começo de dezembro de 2022. Um mês antes, as Forças Armadas chegaram a divulgar um relatório sobre as urnas eletrônicas no qual “não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”, segundo nota do Ministério da Defesa da época.

Em nota enviada ao Metrópoles, o governo Tarcísio afirma que “tudo o que foi dito durante a reunião pelo então Controlador Geral da União, Wagner Rosário, teve como objetivo a garantia de que as eleições transcorressem com normalidade, e que houvesse fiscalização que garantisse plena segurança, transparência e confiabilidade para o processo eleitoral”. Segundo a o governo, “qualquer outra leitura acerca do que foi dito trata-se de mera ilação”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?