Centro volta a enfrentar falta de energia e moradores questionam Enel
Enel afirma que mais uma queda de energia no centro ocorreu pela descoberta de uma nova falha na rede afetada
atualizado
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São Paulo – Menos de um dia após ter a energia restabelecida pela concessionária Enel Distribuição São Paulo, moradores da Vila Buarque, no centro de São Paulo, voltaram nesta quarta-feira (20/3) a reclamar de falta de luz. O problema atinge também hospitais da região, como o Hospital Santa Isabel, da Rede D’Or, que está funcionando por meio de gerador.
Nas redes sociais, diversos moradores estão questionando a Enel. “Que palhaçada é essa que vocês estão aprontando? Moro na Vila Buarque, ficamos quase 24 horas sem energia, fora outros que estão até agora sem. Tivemos o retorno ontem às 9h e hoje caiu novamente”, escreveu um usuário da rede social X (antigo Twitter). “Alô, Enel, sem energia de novo na Santa Isabel, Vila Buarque. Depois de 24 horas de descaso, voltou poucas horas e já caiu de novo?”, questionou outro, na mesma rede social.
Em nota, a Enel disse que o indicativo de uma outra falha causou uma nova ocorrência em um dos circuitos da rede de distribuição subterrânea que atende os bairros de Higienópolis, Santa Cecilia, Consolação, Campos Elísios, Vila Buarque e Cerqueira Cesar e afetou o fornecimento de energia por volta de 12h40.
Segundo a empresa, nesta manhã a energia para todos os clientes que tiveram o serviço afetado na última segunda-feira já havia sido restabelecida. Mesmo com o restabelecimento, as equipes da empresa seguiram no local trabalhando para reconfigurar totalmente a rede afetada. Mas, durante o trabalho, identificaram um indicativo de nova falha, optando por desligar preventivamente um dos circuitos para realizar nova intervenção.
“Como a rede subterrânea permite uma maior flexibilidade de manobras de cargas, a companhia restabeleceu 60% desses clientes às 14h e segue trabalhando para normalizar o restante. Também, preventivamente, a companhia mobilizou geradores adicionais, além dos que já estavam disponíveis na região”, completou a Enel.
Por volta das 16h, a empresa diz que restabeleceu o fornecimento de energia para 97% dos clientes afetados pelo desligamento preventivo realizado na rede de distribuição subterrânea que atende os bairros de Higienópolis, Santa Cecilia, Consolação, Campos Elísios, Vila Buarque e Cerqueira Cesar. Os demais clientes, cerca de mil, serão abastecidos ainda hoje por meio de geradores, ainda de acordo com a Enel.
Prejuízos a hospitais e comércio
Moradores de Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque, no centro da capital paulista, que ficaram sem luz desde 10h30 da última segunda-feira (18/3), relatam que o apagão de mais 24 horas também prejudicou o abastecimento de água e causou prejuízos ao comércio da região.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, 35 mil pessoas foram atingidas. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, convocou o presidente da concessionária à sede do ministério, em Brasília, para prestar esclarecimentos.
O problema foi resolvido em parte na terça (19/3), quando a Enel confirmou que 95% dos consumidores dessas áreas já estavam com a energia restabelecida. Hoje, no entanto, a região voltou a enfrentar problemas.
Questões contratuais
Na manhã desta quarta-feira (20/3), o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) anunciou a criação de um grupo de estudo para verificar questões contratuais da concessionária Enel, bem como prejuízos gerados pela interrupção no fornecimento de luz e atendimento ao consumidor.
Durante a sessão plenária desta quarta, o conselheiro Eduardo Tuma, presidente do tribunal, explicou que “embora este seja um assunto tratado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há um contrato com a cidade de São Paulo e o TCMSP deve atuar neste sentido”.
O Procon-SP também notificou a Enel para que envie informações detalhadas sobre as diversas interrupções no fornecimento de energia elétrica que vêm ocorrendo na capital paulista desde a última sexta-feira (15/3), quando o Aeroporto de Congonhas precisou interromper suas operações. No sábado (16/3), a falta de energia foi relatada na região da Rua 25 de Março.
Por meio de nota, a Aneel informou que “está acompanhando as últimas ocorrências na área de concessão da empresa e solicitou informações da Enel para avaliar causas e impactos dos eventos mencionados”.
“Cabe ressaltar que a agência aplicou recentemente auto de infração na concessionária de R$ 165 milhões em razão da resposta da empresa frente a eventos climáticos severos e que nos últimos 5 anos a Enel-SP foi multada em 321 milhões. Além das multas, as distribuidoras também são penalizadas com compensações na fatura do consumidor por descumprirem os limites de duração e frequência de interrupções estabelecidos pela Aneel. Em 2023, a Enel-SP pagou cerca de R$ 105 milhões em descontos na fatura para os consumidores por descumprir esses limites”, diz a nota da Aneel.
O mais grave apagão na cidade de São Paulo ocorreu no dia 3 de novembro do ano passado, quando 2,1 milhões de clientes da Enel ficaram sem energia elétrica na região metropolitana de São Paulo. Houve casos em que residências e estabelecimentos comerciais ficaram dias sem luz. Por causa disso, em fevereiro deste ano, a Enel foi multada em R$ 165,8 milhões pela Aneel.
Com Agência Brasil