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Catalogação de preguiça-gigante revela mudança climática pré-histórica

Pesquisadores da USP descobriram que animal viveu no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, durante formação da Mata Atlântica

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Rodolfo Nogueir/Jornal da USP
animal gigante da megafauna
1 de 1 animal gigante da megafauna - Foto: Rodolfo Nogueir/Jornal da USP

São Paulo — A catalogação dos ossos de uma preguiça-gigante por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) revelaram que Iguape, no Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo, passou por um período de transição vegetal e climática antes de ser ocupada pela floresta densa que hoje caracteriza a região.

A ossada da espécie Catonyx cuvieri foi descoberta há quase 25 anos durante uma expedição em 1999, mas nunca havia passado por um processo de análise mais completo.

No trabalho feito pelos pesquisadores Artur Chahud, Gabriella da Costa Pereira e Mercedes Okumura, da USP, foi possível estimar a idade do animal e estabelecer que se trata do exemplar mais mais jovem de preguiça-gigante encontrado na região, e o segundo mais recente encontrado no Brasil. Ele teria vivido há 13 mil anos.

No artigo em que o trabalho foi publicado, os pesquisadores explicam que a datação reforça uma discussão sobre a formação vegetal do sul do estado. O grupo sabe que o Vale do Ribeira, hoje caracterizado pela Mata Atlântica, já teve uma vegetação mais seca, semelhante ao Cerrado.

A mata densa teria se formado na área entre 30 mil e 14 mil atrás, como consequência das mudanças climáticas ocorridas no final do Pleistoceno. No local, já foram descobertos outros fósseis que fornecem evidências para essa teoria.

Transição climática

Todavia, a espécie Catonyx cuvieri, espécie da megafauna que só pode ser encontrada na América do Sul, em especial no Brasil e no Uruguai, era adaptada às regiões com menos árvores e mais secas. Por isso, os pesquisadores acreditam que quando o animal estava vivo, há cerca de 13 mil anos, o local passava por uma transição vegetal e climática.

Eles levantam a hipótese de que a floresta, recém-formada, ainda não teria ocupado totalmente o espaço, permitindo que a preguiça-gigante se adaptasse e convivesse simultaneamente com espécies pertencente a climas distintos. Há, também, a possibilidade de o animal não ter habitado o local, mas apenas ter morrido e sido aterrado na região.

A ossada de Catonyx cuvieri, com 16 partes ósseas do animal, foi encontrada no Abismo Iguatemi, conhecido por seu abundante material paleontológico.

No processo de catalogação, também foi descoberto que se tratava de um exemplar jovem e, apesar de estar vivo em um período em que a região já era habitada por seres humanos, não foram encontradas evidências de que ele teria convivido com pessoas.

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