Caso Porsche: mãe diz à polícia por que não levou filho para hospital
Daniela Cristina de Medeiros Andrade argumentou em depoimento ter tomado relaxante muscular que a impediu de sair de casa com empresário
atualizado
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São Paulo – A mãe do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, indiciado pelo homicídio de um motorista de aplicativo, morto após o carro da vítima ser atingido em alta velocidade na zona leste de São Paulo, afirmou que não levou o filho para o hospital, após o acidente com o Porsche, porque dormiu depois de tomar um relaxante muscular. Essa é a versão dada por Daniela Cristina de Medeiros Andrade, em depoimento à Polícia Civil, obtido pelo Metrópoles.
A colisão entre o Porsche, avaliado em R$ 1,2 milhão, e o Renault Sandero da vítima, o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52 anos, ocorreu na madrugada de domingo (31/3).
Como mostrado pelo Metrópoles, a mãe do empresário foi até o local do acidente e se comprometeu, a policiais militares que cuidavam do caso, a levar o filho para o hospital São Luiz Ibirapuera.
Os PMs foram ao local, com o intuito de realizar o exame do bafômetro no empresário, e receberam a informação de que o rapaz não havia dado entrada em nenhuma unidade da rede.
Em seu depoimento, Daniela afirmou ter confirmado aos policiais que levaria o filho até o hospital, que seria próximo da residência do empresário. Por isso, ambos decidiram antes, ainda de acordo com ela, ir para a casa de Fernando.
Mãe e filho sujos
Já dentro do imóvel, a mãe teria notado que o empresário “estava muito sujo”, pelo fato de ter ficado “um tempo caído” na rua, após o acidente. Ela também acrescentou ter se sujado, porque se ajoelhou no chão “para prestar ajuda para seu filho”. Daniela disse ainda, no depoimento, que estava “muito nervosa” e, por isso, “tomou um relaxante muscular”.
Por fim, o filho tomou banho e, depois, ela, com o intuito de irem para o hospital. Segundo Daniela, eram por volta das 5h30, cerca de três horas após o acidente, momento em que ela teria percebido, então, que um policial havia ligado. Por isso, ela teria retornado a ligação para o agente, reiterando que levaria o filho para a unidade de saúde.
Instantes depois, o medicamento que ela diz ter tomado teria surtido efeito. Foi quando ela argumentou que ficou “sem condições de pegar o carro” para ir ao hospital, “inclusive com receio de poder causar um outro acidente”.
Fernando e a mãe acabaram dormindo, até por volta das 9h30, quando ela afirmou que tentou explicar ao policial com o qual mantinha contato o motivo para o atraso. O agente, porém, ainda de acordo com Daniela, não teria atendido suas ligações.
O que disse o empresário
O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho afirmou, em depoimento à Polícia Civil na segunda-feira (1º/4), que foi até uma casa de poker com um amigo, horas antes de ele bater seu carro de luxo contra a traseira do veículo conduzido pelo motorista de aplicativo.
Segundo seu depoimento à polícia, também obtido pelo Metrópoles, o empresário ainda admitiu que trafegava “um pouco” acima do limite de velocidade da Avenida Salim Farah Maluf, que é de 50 km/h.
“Estava um pouco acima do limite permitido, porém, não chegava a ser muito acima também”, afirmou, acrescentando “não conseguir nesse momento declinar o quanto”.
Imagens de uma câmera de monitoramento (assista abaixo), no entanto, mostram que o Porsche era conduzido pelo empresário em altíssima velocidade. Com a força da batida, o carro de luxo arrastou o veículo da vítima por alguns metros, colidindo contra um muro. Alguns postes chegaram a ficar sem luz, tamanha a força da colisão.
Ornaldo foi levado para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde chegou com quadro de parada cardiorrespiratória. A equipe médica tentou reanimá-lo, sem sucesso. Ele morreu por causa de “traumatismos múltiplos”. Ornaldo era casado e deixa três filhos.
“Perda não será reparada”
Em nota ao Metrópoles, a defesa de Fernando Filho afirmou que está entrando em contato com a família de Ornaldo para prestar solidariedade e assistência necessária. “Obviamente, a perda não será reparada, mas minimamente prestaremos amparo necessário neste momento de tal fatalidade.” Ele nega que tenha ingerido bebidas alcoólicas antes de assumir o volante do carro de luxo.
A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediram a prisão temporária do empresário, mas, por ora, as solicitações foram negadas pela Justiça.
A reportagem tentou contatar algum familiar de Ornaldo, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.