Caso Porsche: empresário será interrogado sobre o acidente em agosto
Fernando Sastre Filho responderá a perguntas do juiz, do MPSP e dos advogados da família de Ornaldo da Silva Viana, que morreu no acidente
atualizado
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São Paulo – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) agendou para o dia 2 de agosto o interrogatório do empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, o condutor do Porsche que bateu em um carro de aplicativo e causou a morte do motorista Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, no dia 31 de março.
A sessão ocorrerá de forma virtual a partir das 16h. Fernando Sastre de Andrade Filho vai responder a perguntas do juiz, do Ministério Público (MPSP) e dos advogados da família de Ornaldo.
Nesta sexta-feira (28/6), 22 testemunhas foram ouvidas na audiência de instrução. A sessão durou aproximadamente sete horas e aconteceu no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. O réu acompanhou os depoimentos de forma virtual.
Fernando Sastre de Andrade Filho é réu no processo no qual responde preso pelos crimes de homicídio por dolo eventual, por ter assumido o risco de matar o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, e lesão corporal gravíssima, ao ferir gravemente seu amigo, o estudante de medicina Marcus Vinicius Machado Rocha.
O empresário está preso preventivamente na Penitenciária P2 de Tremembé, conhecida como “cadeia dos famosos”.
Ele é acusado de dirigir embriagado, bater o seu Porsche em alta velocidade e causar a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, 52, em 31 de março, na Avenida Salim Farah Maluf, zona leste paulistana. Também responde pelas lesões graves provocadas no seu amigo que estava no banco de passageiro do carro de luxo.
Homicídio
Fernando Filho é réu por homicídio qualificado e lesão corporal gravíssima. O motorista de aplicativo atingido pelo Porsche dirigia um Renault Sandero no momento do acidente. Ele morreu logo após a colisão.
A outra vítima do acidente é o estudante Marcus Vinicius Machado Rocha, 22 anos, que estava de carona no Porsche. Ele fraturou quatro costelas, precisou ser hospitalizado e perdeu o baço. Ele foi novamente hospitalizado e permanece internado, na unidade Anália do Hospital São Luiz, também na zona leste de São Paulo, desde o último dia 28.
Mesmo com sinais de embriaguez, Fernando Filho recebeu permissão dos PMs para ir embora, sem fazer o teste do bafômetro. Os agentes responsáveis pela liberação indevida também são alvos de investigação.
No dia do acidente, câmeras de monitoramento flagraram Fernando Filho dirigindo o Porsche, avaliado em mais de R$ 1 milhão, em altíssima velocidade (veja acima) quando bateu na traseira do carro de Ornaldo. O motorista de aplicativo foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu de traumatismo cranioencefálico.
Porsche acima da velocidade
Laudo do Instituto de Criminalística apontou que o carro do empresário estava a 156 km/h, onde a velocidade máxima permitida é de 50 km/h. Quando se apresentou à polícia, contudo, mais de 36 horas após o acidente, o empresário disse que estava “um pouco acima da velocidade máxima permitida”.
À polícia, o amigo que estava no Porsche disse que Fernando Filho havia ingerido bebida alcoólica antes, contrariando o depoimento do empresário.
Antes do acidente, os amigos e suas respectivas namoradas foram a um restaurante, onde o grupo consumiu nove drinques, e depois a uma casa de pôquer, com open bar.
A análise das imagens das câmeras corporais dos PMs que atenderam a ocorrência mostra o momento em que Fernando Filho é liberado do local do acidente junto com a mãe, sob a justificativa de que iria procurar atendimento médico.
Liberação indevida
Na denúncia, a promotora assinala que a liberação foi feita “indevidamente” e sugere que a Justiça Militar investigue possível caso de corrupção passiva da policial envolvida.
De acordo com o MPSP, a policial teria “cedido a pedido” da mãe de Fernando e “liberado o responsável [pelo acidente] em estado de flagrância”, para que ele fosse ao hospital, “sem escolta ou vigilância”.
As imagens também mostram que os policiais estavam sem bafômetro — o uso do equipamento, porém, não seria o único recurso para constatar a suposta embriaguez do empresário. Nesse ponto, segundo declarou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a equipe falhou.