metropoles.com

Caso Joca: Justiça arquiva inquérito que investigava a morte do cão

Segundo decisão da Justiça, a companhia aérea Gol não teve a intenção de maltratar o cão Joca, o que a exime de conduta dolosa

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/Redes sociais
cao-morre-gol3a
1 de 1 cao-morre-gol3a - Foto: Reprodução/Redes sociais

São Paulo — A Justiça paulista arquivou o inquérito policial que investigava a morte do cão Joca, um golden retriever de 5 anos que morreu após ser embarcado em um voo errado da companhia aérea Gol em abril deste ano. Em 11 de julho, a Polícia Civil de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, concluiu a investigação sobre o caso e apontou que “houve efetivo erro no embarque do animal” durante a logística de viagem.

Joca deveria ter saído do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino ao Aeroporto Municipal de Sinop, no Mato Grosso, no voo 1480. A companhia aérea, no entanto, embarcou Joca em um voo diferente, para Fortaleza, capital cearense. O tutor dele, João Fantazzini, só soube do erro ao chegar no Mato Grosso.

O juiz Gilberto Azevedo de Moraes Costa, da 6ª Vara Criminal do Foro de Guarulhos, acatou nessa sexta-feira (18/10) o pedido de arquivamento do Ministério Público de São Paulo (MPSP), de autoria da promotora Adriana Regina de Santana Ludke.

7 imagens
Golden retriever Joca morreu em voo da Gol
Golden retriever Joca morreu em voo da Gol
Golden Retriever tinha 5 anos
João Fantazzini e Joca
O tutor postava fotos com Joca nas redes sociais
1 de 7

João Fantazzini e Joca, que morreu em voo da Gol

Reprodução/Redes Sociais
2 de 7

Golden retriever Joca morreu em voo da Gol

Reprodução/Redes Sociais
3 de 7

Golden retriever Joca morreu em voo da Gol

Reprodução/Redes Sociais
4 de 7

Golden Retriever tinha 5 anos

Reprodução/Redes Sociais
5 de 7

João Fantazzini e Joca

Reprodução/Redes Sociais
6 de 7

O tutor postava fotos com Joca nas redes sociais

Reprodução/Redes Sociais
7 de 7

Tutor aguardava Joca no MS

Reprodução/Redes Sociais

No texto, obtido pelo Metrópoles, a promotora escreve que “não há que se falar em conduta dolosa” da companhia aérea Gol porque “não houve intenção de maltratar o cão Joca”.

“Os funcionários deixaram de observar o dever objetivo de cuidado que lhes competia, por imprudência e negligência, e realizaram voluntariamente uma conduta que produziu um resultado naturalístico indesejado, que poderia, com a devida atenção, ter sido evitado”, escreveu a promotora sobre terem embarcado a caixa contendo o cão Joca na aeronave errada e sem as conferências devidas.

“Todavia, o que se vê nos autos é uma sucessão de condutas culposas, advindas de negligência e imprudência, praticadas por funcionários da companhia. Ainda, não há elementos aptos a demonstrar a ocorrência de maus-tratos e sofrimento do cão Joca em razão desta circunstância”, argumenta a decisão.

É descrito ainda que os funcionários que tiveram contato com Joca após sua chegada em Fortaleza noticiaram que ele estava bem e calmo, sem aparente situação de estresse.

O que diz a defesa do tutor

O advogado Marcello Primo, representante legal do tutor de Joca, João Fantazzini, informou à imprensa que “até o presente momento, o escritório não foi notificado oficialmente sobre tal decisão”. Segundo a defesa, confirmada a notificação, será realizada uma análise detalhada para avaliar a viabilidade de interposição de recurso apropriado.

“O inquérito policial está sob sigilo, e por essa razão, maiores informações sobre o pedido de arquivamento não serão fornecidas”, adiciona a nota.

Ainda segundo a defesa, em virtude das notícias, “João Fantazzini encontra-se emocionalmente abalado e decidiu exercer o seu direito de não proferir quaisquer declarações referentes ao inquérito policial em curso”.

“Cumpre esclarecer que Fantazzini mantém o firme propósito em prol da ‘Lei Joca’, normativa esta que visa a implementação de medidas mais efetivas para a proteção dos direitos dos animais. A decisão de abster-se de comentários não deve ser interpretado como um ato de renúncia ou desistência de seus ideais e objetivos”, finaliza o comunicado.

A Câmara dos Deputados aprovou em meio deste ano, em votação simbólica, um projeto de lei que obriga companhias aéreas que transportam animais de estimação a oferecer serviço de rastreamento de cães e gatos em viagens. O texto da “Lei Joca” está em análise no Senado.

Choque cardiogênico

O laudo necroscópico da morte do cachorro apontou que ele morreu após seu coração perder a capacidade de bombear sangue para os órgãos. O quadro clínico é chamado de choque cardiogênico.

Segundo o documento, realizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), o coração de Joca apresenta uma “hipertrofia do ventrículo esquerdo” e vasos sanguíneos obstruídos.

O laudo, feito no dia 16 de maio, é o segundo ao qual animal foi submetido. Ele foi anexado ao inquérito da Polícia Civil.

O legista afirmou que os órgãos analisados apresentaram “acentuado grau de autólise” e por isso diagnósticos macroscópicos foram impossibilitados.

À época, o advogado do tutor de Joca, Marcello Primo Muccio, revelou que o laudo necroscópico reforça a tese de que o cão foi vítima de maus-tratos.

Ao Metrópoles, levantou a possibilidade de que Joca tenha passado por turbulência e cobrou que a polícia aponte um responsável pela morte.

“Só o fato de ter sido colocado no voo errado já configura maus-tratos. Depois, com o depoimento do funcionário de Fortaleza, de que a caixa de transporte estava solta no compartimento do porão do avião sem qualquer equipamento de segurança, isso comprova maus-tratos. Quem garante que não teve turbulência? Será que o piloto foi avisado que tinha um animal naquele voo? O delegado tem que apontar o responsável pelo crime”, afirma o advogado.

Voo errado

O O cão Joca deveria ter saído do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com destino ao Aeroporto Municipal de Sinop, no Mato Grosso, no voo 1480. A Gol, no entanto, embarcou Joca em um voo diferente, para Fortaleza, capital cearense. O tutor dele só soube do erro ao chegar no Mato Grosso.

Após ser avisado sobre o erro, o tutor voltou para Guarulhos para reencontrar Joca em São Paulo. Em nota, a companhia afirmou ter sido surpreendida pela morte do cachorro quando o avião pousou com ele em Guarulhos.

“A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o Joca e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do Joca sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos (GRU), vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do animal”, diz a nota.

A Gol afirmou que “lamentou profundamente” a morte de Joca e se solidarizou com a dor do seu tutor. A companhia admite que uma falha operacional fez com que o cachorro fosse embarcado no voo errado e diz que a apuração dos detalhes do caso está sendo conduzida com “prioridade total”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?