Caso Dimas: pai e irmã de Livia prestam depoimento de mais de 7 horas
Na saída, Rubens Chagas Matos não comentou nada sobre a investigação do dia da morte da filha após encontro com o jogador Dimas Cândido
atualizado
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São Paulo – O pai e a irmã caçula da estudante de 19 anos que morreu no apartamento de Dimas Cândido de Oliveira Filho, jogador da base do Corinthians, em 30 de janeiro, na zona leste de São Paulo, prestaram depoimento nesta quinta-feira (8/2) na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do Tatuapé.
Na saída, Rubens Chagas Matos preferiu não comentar nada a respeito das investigações que vão apontar o que de fato ocorreu na noite da morte da Lívia Gabriele da Silva Matos, durante o encontro com Dimas.
Após sete horas de permanência na delegacia, quem se manifestou foi o advogado da família, Alfredo Porcer. Ele apontou o que poderia vir a ser uma inconsistência no depoimento do atleta de base do Corinthians.
“Ele disse em um primeiro momento, deixou claro ali, no entendimento de quem lê, que teve uma primeira relação sexual, descansou, conversou e foi ter uma segunda relação e ela estava desmaiada. No depoimento de ontem, disse que só foi uma”, afirmou o advogado.
“Não estou dizendo que foi uma contradição. No momento, você narra um fato. Depois, de uma forma mais ponderada, você narra outro. Então, observei e fiz questão de consignar no depoimento do pai, foi que ele teve uma relação, descansou, conversou. Então você imagina que teve um tempo para isso. E aí foi ter uma segunda relação, quando notou que a jovem estava desmaiada”.
Apesar disso, Procer foi cauteloso. “Desde o início tenho falado que temos que ver de que forma essa menina morreu abruptamente. Também não podemos ser levianos e dizer que o atleta teve participação direta nisso. Mas há algumas inconsistências que, ao final, podem ser relevantes ou não”, disse
Procer também afirmou que o exame complementar no cadáver de Lívia não deverá apontar a intensidade da relação sexual com Dimas, o que poderia ser relevante, na sua opinião, para esclarecer melhor a dinâmica dos fatos.
Além de prestar depoimento, o pai entregou à polícia o celular da filha e um prontuário médico que mostra que a jovem teve uma laceração de 5 cm na região genital.
Entenda o caso Dimas
Livia morava com os pais e cursava enfermagem. Na terça-feira (30/1), ela marcou um encontro com o jogador do Corinthians e foi até o apartamento do jogador.
A jovem passou mal durante uma relação sexual e desmaiou. Segundo o jogador, eles não tinham usado álcool ou outras drogas.
Dimas ligou para o Samu e recebeu orientações, por telefone, para fazer massagem cardíaca na vítima. Ao chegar ao apartamento, a equipe encontrou Livia em quadro de parada cardíaca.
Os socorristas precisaram afastar a cama para realizar os procedimentos e conseguiram reanimá-la. Também havia marcas de sangue no chão, em toalhas e no colchão de casal.
O que aconteceu no hospital
Os médicos também relataram a existência de um corte, de cerca de cinco centímetros, cujo sangramento só foi estancado no hospital. Os profissionais, entretanto, disseram não ser capazes de informar o que teria provocado aquela lesão.
O pai da jovem, o PM reformado Rubens Chagas Matos, 54, encontrou o atleta corintiano na unidade de saúde. Na ocasião, o jogador do Corinthians contou o que havia acontecido no apartamento.
Dimas também teria dito ao PM que estava com passagem para Minas Gerais, marcada para as 23h, que havia sido comprada pelo pai do atleta. Nessa hora, Rubens reagiu e disse que ele deveria permanecer em São Paulo.
Os dois chegaram a discutir e uma viatura foi chamada para intervir na situação. À polícia, o pai de Livia declarou que Dimas não teria “esboçado nenhuma preocupação ou sentimento” com a situação da sua filha.
Troca de mensagens
A análise do celular de Livia mostra que os dois começaram a conversar em janeiro, a partir do dia 17. Eles trocavam áudios e mensagens de texto, em tom muitas vezes carinhoso (veja imagens abaixo).
As conversas são sobre amenidades, a rotina do dia e o que gostam de fazer. Livia chama o jogador de “vida” e “amor” no fim das frases. Já ele a trata como “gatinha” e “princesa”.
O tom é respeitoso, sem conversas com conotação sexual explícita. No último dia 30, data do encontro, contudo, fica claro que eles vão fazer sexo. Dimas esclarece: “Eu não gosto de transar sem camisinha” – ao que Livia responde: “Eu também não”.
Pouco depois, Livia manda a seguinte mensagem: “Pronto. Tô pronta. Quer que eu vá agora ou daqui a pouco?”. “Daqui a pouco”, ele responde. Às 18h06, por fim, ela avisa: “Tô chegando, amor”.
A equipe de investigações da 5ª Delegacia da Mulher informou que a análise das câmeras de segurança do condomínio de Dimas indica que os dois subiram sozinhos para o apartamento.