Caso Dimas: jogador do Corinthians deve depor na 4º sobre jovem morta
Segundo o advogado do atleta, Dimas está na Paraíba, onde mora sua família, e vai retornar a São Paulo nesta semana
atualizado
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São Paulo – O jogador Dimas Cândido de Oliveira, 18, da categoria de base do Corinthians, deve prestar depoimento na próxima quarta-feira (7/2) na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, sobre a morte da jovem universitária Livia Gabriele da Silva Matos, de 19 anos.
Lívia morreu na noite da última terça-feira (30/1) após ter um encontro com o atleta na casa dele.
“O Dimas vai prestar depoimento, provavelmente, na quarta-feira. Estamos falando com a delegada para acertar o dia e o horário”, disse Tiago Lenoir, advogado do jogador, ao jornal Folha de S.Paulo.
Dimas Cândido de Oliveira não está na capital paulista neste momento. Ele embarcou para João Pessoa (PB), onde vive sua família, no dia seguinte à morte de Lívia.
Segundo o advogado Tiago Lenoir, a passagem estava comprada antes do encontro: “Ele está fora de São Paulo. Está na Paraíba. Perdeu aquela passagem. Eu vou para São Paulo amanhã. Ainda não sei se a gente se encontra em algum lugar no meio do caminho ou se a gente se encontra em São Paulo”, afirmou o advogado.
O que Dimas já disse
Livia morreu por volta das 21h30 de terça-feira (30/1) após sofrer quatro paradas cardíacas.. Em depoimento, Dimas relatou que a jovem estava no seu apartamento, passou mal durante uma relação sexual e desmaiou.
À polícia, o jogador também afirmou que eles não fizeram uso de álcool ou de outras drogas. Segundo relatou, ele teve uma relação sexual, de forma consensual e com uso de preservativo, com ela. Na segunda, Livia teria passado mal, desfalecido e apresentado sangramento na vagina.
Dimas ligou para o Samu e recebeu orientações, por telefone, para fazer massagem cardíaca na vítima. Ao chegar no apartamento, a equipe encontrou Livia em quadro de parada cardíaca.
Os socorristas precisaram afastar a cama para realizar os procedimentos e conseguiram reanimá-la. Também havia marcas de sangue no chão, em toalhas e no colchão de casal.
Em conversa com o Metrópoles, o advogado de Dimas, Tiago Lenoir, confirmou que, ao perceber que Livia tinha desfalecido, o atleta ligou para o Samu, seguiu as recomendações para fazer a massagem cardíaca e acompanhou a jovem ao hospital.
“Ele ficou absolutamente consternado com a morte da jovem”, disse Lenoir. Após ser ouvido pela polícia, Dimas foi liberado. A defesa diz que, no momento, aguarda o desenrolar das investigações sobre o caso.
O que aconteceu no hospital
Os médicos também relataram a existência de um corte, de cerca de cinco centímetros, cujo sangramento só foi estancado no hospital. Os profissionais, entretanto, disseram não ser capazes de informar o que teria provocado aquela lesão.
O pai da jovem, o PM reformado Rubens Chagas Matos, 54, encontrou o atleta corintiano na unidade de saúde. Na ocasião, o jogador do Corinthians contou o que havia acontecido no apartamento.
O corintiano também teria dito ao PM que estava com passagem para Minas Gerais, marcada para as 23h, que havia sido comprada pelo pai do atleta. Nessa hora, Rubens reagiu e disse que ele deveria permanecer em São Paulo.
Os dois chegaram a discutir e uma viatura foi chamada para intervir na situação. À polícia, o pai de Livia declarou que Dimas não teria “esboçado nenhuma preocupação ou sentimento” com a situação da sua filha.
Troca de mensagens
A análise do celular de Livia mostra que os dois começaram a conversar em janeiro, a partir do dia 17. Eles trocavam áudios e mensagens de texto, em tom muitas vezes carinhoso (veja imagens abaixo).
As conversas são sobre amenidades, a rotina do dia e o que gostam de fazer. Livia chama o jogador de “vida” e “amor” no fim das frases. Já ele a trata como “gatinha” e “princesa”.
O tom é respeitoso, sem conversas com conotação sexual explícita. No último dia 30, data do encontro, contudo, fica claro que eles vão fazer sexo. Ele esclarece: “Eu não gosto de transar sem camisinha” – ao que Livia responde: “Eu também não”.
Pouco depois, Livia manda a seguinte mensagem: “Pronto. Tô pronta. Quer que eu vá agora ou daqui a pouco?”. “Daqui a pouco”, ele responde. Às 18h06, por fim, ela avisa: “Tô chegando, amor”.
A equipe de investigações da 5ª Delegacia da Mulher informou que a análise das câmeras de segurança do condomínio de Dimas indica que os dois subiram sozinhos para o apartamento.
Investigações
A Polícia Civil aguarda o resultado de três exames do Instituto Médico Legal (IML) para saber o que causou a lesão na região genital de Livia.
O atestado de óbito, emitido no hospital, aponta que Livia morreu em decorrência de uma ruptura de uma membrana, chamada saco de Douglas, localizada na região da pelve, na parte de baixo do abdômen, entre o útero e o reto. Para esclarecer as circunstâncias da lesão, os investigadores solicitaram exames necroscópico, sexológico e toxicológico.
A equipe médica do hospital identificou o corte, de cerca de cinco centímetros, e o apontou como a causa do sangramento que matou a jovem. O advogado Alfredo Porcer, que representa a família da vítima, diz que os indícios, até o momento, são de que a lesão tenha acontecido durante ato sexual entre Livia e Dimas.
Quem é o jogador da base do Corinthians
Dimas atua como meia e integra a categoria sub-20 do Corinthians desde abril de 2023. No ano passado, ele participou de 12 jogos pelo clube.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, Dimas passou pelo time sub-17 do Coimbra, clube mineiro de Contagem, e está emprestado para a equipe paulista. Nesta temporada, ele ainda não entrou em campo.
O vínculo do jogador com o Corinthians vai até o dia 31 de janeiro de 2025.
Em nota, o Corinthians diz estar “ciente dos acontecimentos que envolveram um de seus atletas da base”. O clube afirma, ainda, que “aguarda a investigação dos fatos e está à disposição para colaborar com as autoridades e as famílias”.
Quem é a jovem que morreu
Já Livia estudava enfermagem e morava com os pais na região da Penha, também na zona leste da capital paulista.
Segundo o pai dela, a jovem não usava drogas e não tinha o hábito de ingerir bebidas alcoólicas.
Por sua vez, Dimas relatou à polícia que a estudante levou dois cigarros eletrônicos, que ela usava com um óleo, para o apartamento.
O jogador também disse que conversou com uma irmã da jovem que teria dito que Livia bebeu uma cerveja à tarde e usava remédio para tratar ansiedade.