Caso Dimas: atleta do Corinthians presta depoimento de mais de 8 horas
Segundo o advogado do atleta, Dimas foi ouvido até às 18h30 e reiterou tudo o que já havia dito no dia da morte de Livia Gabriele Matos
atualizado
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São Paulo – O jogador da equipe sub-20 do Corinthians Dimas Cândido de Oliveira Filho, 18, ficou cerca de oito horas na 5ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Tatuapé, zona leste de São Paulo, prestando depoimento sobre as circunstâncias da morte de Lívia Gabriele da Silva Matos, de 19 anos.
Segundo o advogado do atleta, Tiago Lenoir, Dimas foi ouvido pela polícia até às 18h30. Ele chegou às 10h no local. “Ele detalhou tudo que já tinha dito no registro da ocorrência”, disse o defensor ao jornal Folha de S.Paulo.
O advogado afirmou ainda que o jogador deixou o celular dele à disposição da delegada responsável pelo caso: “Desde o início ele disponibilizou à delegada seu celular, ligações, email e todas as redes sociais para comprovar o que está dizendo”.
Dimas reiterou que conheceu Livia via Instagram e, segundo ele, os dois mantinham conversas havia algum tempo. O encontro do dia 30 de janeiro seria o primeiro entre eles.
Entenda o caso Dimas
A jovem morava com os pais na região da Penha, na zona leste de São Paulo, e cursava enfermagem. Na terça-feira (30/1), ela se encontrou com Dimas no apartamento dele, em outro bairro da zona leste.
Livia morreu por volta das 21h30 de terça-feira (30/1) após sofrer quatro paradas cardíacas. Em depoimento, Dimas relatou que a jovem estava no seu apartamento, passou mal durante uma relação sexual e desmaiou.
O jogador também afirmou que eles não fizeram uso de álcool ou de outras drogas. Segundo relatou à polícia, ele teve uma relação sexual, de forma consensual e com uso de preservativo, com ela. Na segunda, Livia teria passado mal, desfalecido e apresentado sangramento na vagina.
Dimas ligou para o Samu e recebeu orientações, por telefone, para fazer massagem cardíaca na vítima. Ao chegar no apartamento, a equipe encontrou Livia em quadro de parada cardíaca.
Os socorristas precisaram afastar a cama para realizar os procedimentos e conseguiram reanimá-la. Também havia marcas de sangue no chão, em toalhas e no colchão de casal.
Em conversa com o Metrópoles, o advogado de Dimas, Tiago Lenoir, confirmou que, ao perceber que Livia tinha desfalecido, o atleta ligou para o Samu, seguiu as recomendações para fazer a massagem cardíaca e acompanhou a jovem ao hospital.
“Ele ficou absolutamente consternado com a morte da jovem”, disse Lenoir. Após ser ouvido pela polícia, Dimas foi liberado. A defesa diz que, no momento, aguarda o desenrolar das investigações sobre o caso.
O que aconteceu no hospital
Os médicos também relataram a existência de um corte, de cerca de cinco centímetros, cujo sangramento só foi estancado no hospital. Os profissionais, entretanto, disseram não ser capazes de informar o que teria provocado aquela lesão.
O pai da jovem, o PM reformado Rubens Chagas Matos, 54, encontrou o atleta corintiano na unidade de saúde. Na ocasião, o jogador do Corinthians contou o que havia acontecido no apartamento.
O corintiano também teria dito ao PM que estava com passagem para Minas Gerais, marcada para as 23h, que havia sido comprada pelo pai do atleta. Nessa hora, Rubens reagiu e disse que ele deveria permanecer em São Paulo.
Os dois chegaram a discutir e uma viatura foi chamada para intervir na situação. À polícia, o pai de Livia declarou que Dimas não teria “esboçado nenhuma preocupação ou sentimento” com a situação da sua filha.
Troca de mensagens
A análise do celular de Livia mostra que os dois começaram a conversar em janeiro, a partir do dia 17. Eles trocavam áudios e mensagens de texto, em tom muitas vezes carinhoso (veja imagens abaixo).
As conversas são sobre amenidades, a rotina do dia e o que gostam de fazer. Livia chama o jogador de “vida” e “amor” no fim das frases. Já ele a trata como “gatinha” e “princesa”.
O tom é respeitoso, sem conversas com conotação sexual explícita. No último dia 30, data do encontro, contudo, fica claro que eles vão fazer sexo. Ele esclarece: “Eu não gosto de transar sem camisinha” – ao que Livia responde: “Eu também não”.
Pouco depois, Livia manda a seguinte mensagem: “Pronto. Tô pronta. Quer que eu vá agora ou daqui a pouco?”. “Daqui a pouco”, ele responde. Às 18h06, por fim, ela avisa: “Tô chegando, amor”.
A equipe de investigações da 5ª Delegacia da Mulher informou que a análise das câmeras de segurança do condomínio de Dimas indica que os dois subiram sozinhos para o apartamento.
Investigações
O atestado de óbito, emitido no hospital, aponta que Livia morreu em decorrência de uma ruptura de uma membrana, chamada saco de Douglas, localizada na região da pelve, na parte de baixo do abdômen, entre o útero e o reto. Para esclarecer as circunstâncias da lesão, os investigadores solicitaram exames necroscópico, sexológico e toxicológico.
A equipe médica do hospital identificou o corte, de cerca de cinco centímetros, e o apontou como a causa do sangramento que matou a jovem. O advogado Alfredo Porcer, que representa a família da vítima, diz que os indícios, até o momento, são de que a lesão tenha acontecido durante ato sexual entre Livia e Dimas.
Quem é o jogador da base do Corinthians
Dimas atua como meia e integra a categoria sub-20 do Corinthians desde abril de 2023. No ano passado, ele participou de 12 jogos pelo clube.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, Dimas passou pelo time sub-17 do Coimbra, clube mineiro de Contagem, e está emprestado para a equipe paulista. Nesta temporada, ele ainda não entrou em campo.
O vínculo do jogador com o Corinthians vai até o dia 31 de janeiro de 2025.
Em nota, o Corinthians diz estar “ciente dos acontecimentos que envolveram um de seus atletas da base”. O clube afirma, ainda, que “aguarda a investigação dos fatos e está à disposição para colaborar com as autoridades e as famílias”.
Quem é a jovem que morreu
Já Livia estudava enfermagem e morava com os pais na região da Penha, também na zona leste da capital paulista.
Segundo o pai dela, a jovem não usava drogas e não tinha o hábito de ingerir bebidas alcoólicas.
Por sua vez, Dimas relatou à polícia que a estudante levou dois cigarros eletrônicos, que ela usava com um óleo, para o apartamento.
O jogador também disse que conversou com uma irmã da jovem que teria dito que Livia bebeu uma cerveja à tarde e usava remédio para tratar ansiedade.