Caso Dimas: lesão em região íntima matou jovem, diz advogado
Jovem que morreu após se encontrar com jogador da base do Corinthians teve uma ruptura em região genital chamada de saco de Douglas
atualizado
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São Paulo – O atestado de óbito da jovem Livia Gabriele da Silva Matos, de 19 anos, que morreu após um encontro com o jogador Dimas Cândido de Oliveira, 18, da categoria de base do Corinthians, aponta que a causa da morte foi uma ruptura na região genital chamada de “saco de Douglas”.
O saco de Douglas é o nome dado a uma membrana na região da pelve, localizada na parte de baixo do abdome, entre o útero e o reto.
Segundo o advogado Alfredo Porcer, que representa a família da vítima, os indícios reunidos até o momento indicam que a ruptura aconteceu durante o ato sexual com o jogador do Corinthians – e não em momento anterior.
“Esse tipo de lesão não acontece em uma relação sexual normal”, diz, ao Metrópoles. “Imagina-se que ela tenha sido provocada por algum tipo de violência, pela introdução de um objeto ou por alguma predisposição da vítima, se ela já tivesse algum quadro de endometriose ou alguma fístula, por exemplo.”
O atestado de óbito foi emitido pelo Hospital Municipal do Tatuapé, na zona leste da capital paulista, onde a jovem morreu. Para concluir o que causou o corte na região genital, a Polícia Civil aguarda o resultado de laudos do Instituto Médico Legal (IML). Foram solicitados três exames no corpo de Livia: necroscópico, sexológico e toxicológico.
O que a investigação falta esclarecer
Para a Polícia Civil, descobrir o que provocou o corte de cerca de cinco centímetros na jovem é fundamental para o desenrolar da investigação.
Neste momento, Dimas não é considerado um investigado e o caso de Livia é tratado como “morte suspeita” – quando ainda não há indícios suficientes para concluir se foi um acidente, uma morte natural ou um crime.
O cenário só deve mudar se o resultado dos laudos pendentes apontarem que a lesão foi provocada de propósito pelo jogador ou se ele assumiu o risco de machucar a jovem durante o sexo. Nessas hipóteses, o atleta poderia responder criminalmente.
Com base na análise de imagens de câmeras de segurança e de trocas de mensagens entre Livia e Dimas, os investigadores também sabem que os dois concordaram em ter o encontro e que eles subiram sozinhos para o apartamento do atleta.
A investigação ainda precisa esclarecer, no entanto, se o sexo foi consensual e de que forma o ato aconteceu. Outra dúvida é se, de fato, os dois permaneceram sozinhos no apartamento.
O que diz Dimas
Livia morreu por volta das 21h30 de terça-feira (30/1) após sofrer quatro paradas cardíacas.. Em depoimento, Dimas relatou que a jovem estava no seu apartamento, passou mal durante uma relação sexual e desmaiou.
À polícia, o jogador também afirmou que eles não fizeram uso de álcool ou de outras drogas. Segundo relatou, ele teve uma relação sexual, de forma consensual e com uso de preservativo, com ela. Na segunda, Livia teria passado mal, desfalecido e apresentado sangramento na vagina.
Dimas ligou para o Samu e recebeu orientações, por telefone, para fazer massagem cardíaca na vítima. Ao chegar no apartamento, a equipe encontrou Livia em quadro de parada cardíaca.
Os socorristas precisaram afastar a cama para realizar os procedimentos e conseguiram reanimá-la. Também havia marcas de sangue no chão, em toalhas e no colchão de casal.
Em conversa com o Metrópoles, o advogado de Dimas, Tiago Lenoir, confirmou que, ao perceber que Livia tinha desfalecido, o atleta ligou para o Samu, seguiu as recomendações para fazer a massagem cardíaca e acompanhou a jovem ao hospital.
“Ele ficou absolutamente consternado com a morte da jovem”, disse Lenoir. Após ser ouvido pela polícia, Dimas foi liberado. A defesa diz que, no momento, aguarda o desenrolar das investigações sobre o caso.
O que aconteceu no hospital
Os médicos também relataram a existência de um corte, de cerca de cinco centímetros, cujo sangramento só foi estancado no hospital. Os profissionais, entretanto, disseram não ser capazes de informar o que teria provocado aquela lesão.
O pai da jovem, o PM reformado Rubens Chagas Matos, 54, encontrou o atleta corintiano na unidade de saúde. Na ocasião, o jogador do Corinthians contou o que havia acontecido no apartamento.
O corintiano também teria dito ao PM que estava com passagem para Minas Gerais, marcada para as 23h, que havia sido comprada pelo pai do atleta. Nessa hora, Rubens reagiu e disse que ele deveria permanecer em São Paulo.
Os dois chegaram a discutir e uma viatura foi chamada para intervir na situação. À polícia, o pai de Livia declarou que Dimas não teria “esboçado nenhuma preocupação ou sentimento” com a situação da sua filha.
Quem é o jogador da base do Corinthians
Dimas atua como meia e integra a categoria sub-20 do Corinthians desde abril de 2023. No ano passado, ele participou de 12 jogos pelo clube.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, Dimas passou pelo time sub-17 do Coimbra, clube mineiro de Contagem, e está emprestado para a equipe paulista. Nesta temporada, ele ainda não entrou em campo.
O vínculo do jogador com o Corinthians vai até o dia 31 de janeiro de 2025.
Em nota, o Corinthians diz estar “ciente dos acontecimentos que envolveram um de seus atletas da base”. O clube afirma, ainda, que “aguarda a investigação dos fatos e está à disposição para colaborar com as autoridades e as famílias”.
Quem é a jovem que morreu
Já Livia estudava enfermagem e morava com os pais na região da Penha, também na zona leste da capital paulista.
Segundo o pai dela, a jovem não usava drogas e não tinha o hábito de ingerir bebidas alcoólicas.
Por sua vez, Dimas relatou à polícia que a estudante levou dois cigarros eletrônicos, que ela usava com um óleo, para o apartamento.
O jogador também disse que conversou com uma irmã da jovem que teria dito que Livia bebeu uma cerveja à tarde e usava remédio para tratar ansiedade.