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Casal que esqueceu menino na van atribui erro a enxaqueca da monitora

Menino Apollo Gabriel, de 2 anos, morreu após ficar 6 horas trancado em van escolar na zona norte da capital paulista

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Foto colorida mostra Apollo Gabriel
1 de 1 Foto colorida mostra Apollo Gabriel - Foto: Reprodução/Rede Social

São Paulo – O casal acusado de homicídio por esquecer o menino Apollo Gabriel, 2, dentro da van escolar, na Vila Maria, zona norte da capital paulista, admite que errou na contagem das crianças e alega que a mulher foi trabalhar no dia da tragédia sentindo mal estar e enxaqueca. A criança morreu após ficar 6 horas trancada no veículo.

A versão dos suspeitos consta nos depoimentos, obtidos pelo Metrópoles, prestados no 73º Distrito Policial (Jaçanã). O motorista Flávio Robson Benes, de 45 anos, e sua monitora Luciana Coelho Graft, de 44, são casados e respondem à investigação em liberdade.

Na delegacia, Luciana relatou que a van escolar pegou Apollo Gabriel na comunidade Baracelas, no Parque Novo Mundo, na zona norte de São Paulo, por volta das 7h30. A criança, que era transportada pelo casal há cerca de cinco meses, foi colocada em uma cadeirinha no penúltimo banco do veículo.

O trajeto até a creche “Caminhar É Preciso”, onde o menino estudava, é de cerca de 10 minutos. Luciana afirma que fez o desembarque das crianças na unidade, mas “não percebeu que ele ficou na van”. “Não sabe dizer por que não entregou Apollo”, diz o documento.

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Van escolar em que menino de 2 anos morreu após ficar 6 horas trancado
Fachada do Hospital Municipal Vereador José Storopolli, conhecido como PS Vermelhinho, na Vila Maria
Kaliane e Apollo Gabriel
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Van escolar em que menino de 2 anos morreu após ficar 6 horas trancado

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Fachada do Hospital Municipal Vereador José Storopolli, conhecido como PS Vermelhinho, na Vila Maria

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Kaliane e Apollo Gabriel

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Contagem

O caso aconteceu na terça-feira (14/11), em meio à onde calor e altas temperaturas na capital paulista, e é investigado como homicídio com dolo eventual – quando os autores assumem o risco de causar a morte da vítima. No depoimento, a assistente alega que sempre faz a contagem das crianças e tem um grupo no WhatsApp, junto com o marido, para validar a conferência.

Naquele dia, no entanto, ela diz que estava com “muita enxaqueca” mas foi trabalhar, mesmo assim, “pois não tem ninguém para mandar no lugar”. Em seguida, admite só ter feito a “conferência visual e não numérica” ao chegar na creche e atribui o erro a estar sentindo mal-estar.

A van não tem cortina ou película. Por volta das 8h40, o veículo foi deixado em um estacionamento na Rua José Michelon, na região da Vila Maria, com Apollo Gabriel dentro. Segundo o depoimento, o local é “bem iluminado”.

O casal voltou ao estacionamento às 15h30, para fazer o transporte do período da tarde, e só percebeu a presença do menino cerca de 10 minutos depois, quando já estava na frente de outra creche.

Motorista

Motorista da van, Flávio Robson endossa o depoimento da mulher. Segundo afirma, as crianças maiores foram as primeiras a desembarcar naquele dia e Apollo, considerado uma “criança menor”, acabou não sendo entregue na creche porque “sua esposa não viu”.

“Sua esposa estava com uma enxaqueca muito grande e isso atrapalhou”, registra o depoimento. “Quando pegaram a van no estacionamento (à tarde), também não viram a criança Apollo”.

Já desmaiado, o menino foi descoberto quando o casal abriu a porta da van para que outras crianças pudessem entrar. Sem saber onde havia hospital na região, Flávio Robson decidiu ligar para a diretora da creche de Apollo Gabriel e foi buscá-la para ajudar no socorro. A criança chegou morta ao pronto-socorro.

Em depoimento, a diretora da creche onde a criança estudava diz que achava que o menino tinha faltado à aula. Segundo afirma, a creche não faz controle de alunos que chega por transporte escolar e fiscaliza a presença das crianças na sala de aula.

Liberdade

Flávio Robson e Luciana foram autuados em flagrante e levados para a cadeia. A Polícia Civil também representou pela prisão preventiva do casal.

Em audiência de custódia, realizada para avaliar a necessidade de prisão, a juíza Marina Degani Maluf, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), decidiu conceder liberdade provisória aos dois. Na decisão, a magistrada alegou dúvida sobre o caso se tratar, de fato, de homicídio doloso – avaliação que será feita pelo juiz natural do processo.

“Em que pese tratar-se de crime notadamente grave, envolvendo criança, as circunstâncias do fato precisam ser melhor esclarecidas”, escreveu. “A dúvida a respeito da exata tipificação penal afasta o atendimento a um dos requisitos legais indispensáveis à decretação da prisão preventiva”.

No lugar, a juíza decidiu adotar uma série de medidas cautelares, como suspender o motorista da atividade profissional de transporte escolar de crianças e adolescentes. Flávio Robson entregou sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nesta sexta-feira (17/11).

A decisão impôs, ainda, que o motorista e a assistente devem comparecer ao Tribunal todo mês, precisam ficar recolhidos em casa em dias de folga e no período noturno (das 22h às 6h) e não podem manter contato, por qualquer meio, com testemunhas e familiares da vítima. Os dois também estão proibidos de sair de São Paulo por mais de oito dias sem comunicação prévia.

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