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Casal é condenado por tortura e execução de motorista após fake news

Motorista de aplicativo teve os dedos arrancados e foi enterrado em cova rasa após ser falsamente acusado de pedofilia por ladrões

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1 de 1 roger-roger-edit-_app_3 - Foto: Arquivo Pessoal

São Paulo — A Justiça paulista condenou nesta sexta-feira (12/5) um casal por envolvimento na tortura e no assassinato do motorista de aplicativo Roger Ferreira Silva, de 35 anos, ocorrido em dezembro de 2020. Um terceiro réu ainda será julgado.

Roger teria sido vítima de fake news, ao ser falsamente apontado como pedófilo depois que criminosos viram fotos dos cinco filhos do motorista em seu celular, durante um assalto.

A execução dele, após uma sessão de tortura, foi autorizada por um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo registros policias da época.

Maicon Jonathas dos Santos foi condenado a 33 anos de prisão, e a atendente de telemarketing Emily de Oliveira Luz, a 9 anos, ambos em regime fechado. A sentença foi proferida pela 3ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

A condenação da atendente desagradou amigos e familiares da vítima, porque a pena resulta da absolvição dela no homicídio quadruplamente qualificado por motivo fútil, torpe, à traição (emboscada) e por ocultação de cadáver.

“É complicado aceitar esses 9 anos da moça lá. Estamos indignados, pois o que é que vou falar para os filhos dele? Essa é a lei que a gente tem? Mata alguém, cumpre 7 anos de cadeia [por causa da regressão de pena], se chegar nisso. Como que faz? Ficamos indignados em saber que ela fez tudo o que fez e [a acusação] alegar não ter prova suficiente para mostrar que ela ajudou a matar o Roger”, afirmou ao Metrópoles Ana Paula de Oliveira Abreu, de 41 anos.

Ela foi casada com Roger por sete anos e teve quatro filhos com o motorista — hoje eles têm 18, 15, 12 e 10 anos de idade. Na ocasião do crime, ambos já estavam separados havia alguns anos. A vítima também deixou uma quinta filha, de 5 anos, de outro relacionamento.

A defesa dos condenados e do terceiro réu do caso, ainda não julgado, não foi encontrada pelo Metrópoles. O espaço segue aberto para manifestação.

O crime

Na noite do dia 30 de dezembro de 2020, Roger atendeu a um chamado feito por dois homens e uma mulher, em local não informado pela polícia. Quando embarcou no GM Corsa de Roger, o trio anunciou o assalto, segundo registros da 6ª Delegacia Seccional da capital paulista.

Entre a noite do dia 30 e a madrugada do dia seguinte, a vítima enviou áudios pedindo R$ 300 para familiares. Esses foram os últimos contatos feitos pelo motorista. Três dias depois, o carro dele foi encontrado carbonizado na região de Parelheiros, no extremo sul da capital paulista.

A polícia chegou até os criminosos por causa do celular de Roger, que foi rastreado e encontrado com uma criança de 12 anos na ocasião.

O aparelho havia sido receptado por parentes da menina, comprado por R$ 200 do trio que embarcou no carro da vítima. Dois homens foram indiciados por receptação.

O motorista de app Roger Ferreira Silva foi brutalmente assassinado após falsa acusação feita por criminosos

Encontro do corpo

Com o trio detido, Emily admitiu o roubo à polícia, indicando Maicon e o terceiro preso como autores da tortura e do assassinato do motorista.

O corpo de Roger foi encontrado em uma área de mata, enterrado em uma cova rasa, nas proximidades da estrada dos Limas, ainda na zona sul da capital paulista.

Ele estava sem os dedos das mãos, arrancados pelos criminosos e enviados a um “disciplina” do PCC, que autorizou a tortura e a morte do motorista, segundo relatado pelos presos à polícia.

A barbárie a qual Roger foi submetida ocorreu pelo fato de os bandidos desconfiarem de que ele fosse pedófilo, por causa das fotos dos filhos da vítima no celular.

A polícia periciou o aparelho na ocasião e não encontrou nenhum material ilegal que justificasse as alegações dos bandidos.

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