Casa levada por enxurrada e rua que virou rio no litoral; veja imagens

São Paulo – Um trajeto que levaria cinco minutos de carro já se estende por mais de 48 horas para o empresário Wagner Teixeira, de 50 anos. Também vereador pelo Avante, ele é nascido e criado em São Sebastião, cidade do litoral mais atingida por temporais, que até o momento deixaram 36 mortos e centenas de desabrigados.

Ele saiu da região de Boiçucanga, onde mora, até a Praia do Una, no sábado (18/2). Sua ideia era ajudar algumas pessoas, já por causa dos temporais. Ele, porém, não imaginava que a situação poderia ficar ainda pior. Teixeira se viu impedido de fazer o trajeto de 15 km de volta, após uma barreira cair entre as praias Preta e Juquehy.

A região onde o empresário está conta com sinais de telefone e internet, diferentemente de outros pontos da cidade onde, além do isolamento físico, as pessoas também estão incomunicáveis.

“O pessoal que é turista, ainda está conseguindo sair daqui da Praia do Una. Mas o moradores já estão sofrendo por causa da falta de água e comida. É uma cadeia [de ocorrências]. A água invadiu comércios, destruiu alimentos e pessoas que poderiam ajudar estão presas em outros bairros.”

Imagens enviadas à reportagem mostram a destruição na cidade. Uma rua virou rio e uma casa, segundo relatado por quem faz o registro, foi levada pela força da enxurrada, com os moradores dentro (veja abaixo). O cemitério da cidade também foi invadido pela água, deixando túmulos submersos.

Segundo o tenente Roberto Farina, porta-voz da Defesa Civil de São Paulo, até o momento 760 pessoas estão desabrigadas e 1.700 desalojadas, em todo o litoral.

A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, nesta segunda-feira (20/2), reconheceu calamidade pública em mais cinco municípios paulistas. São Sebastião — o lugar mais afetado pela tragédia — já havia sido adicionado à lista de auxílio do governo federal.

Com a nova inclusão, autorizada pela pasta, até o momento, a situação vale para os seguintes municípios: Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba. O ato é assinado pelo secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff.

Os bombeiros estimam que, até o momento, pelo menos 40 pessoas estejam soterradas após deslizamentos de terra, ocorridos em decorrência de tempestades que caíram em São Sebastião, no litoral paulista, desde sábado (18/2). Até o momento, foram registradas 35 mortes. Outro óbito, de uma criança de 7 anos, ocorreu em Ubatuba.