Às escuras após furto, Ponte Estaiada de SP também é alvo de pichação
Considerada um cartão postal de São Paulo, Ponte Estaiada está há mais de dez dias sem iluminação depois de furto e teve mastro pichado
atualizado
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São Paulo – Mais de dez dias depois do furto de luminárias e cabos de cobre da Ponte Estaiada, na zona sul de São Paulo, o cartão postal paulistano que conecta a Avenida Jornalista Roberto Marinho à Marginal Pinheiros continua às escuras.
Em meio ao breu na Ponte Octávio Frias de Oliveira, nome oficial da estrutura de 138 metros de altura — equivalente a um prédio de 48 andares — que cruza o Rio Pinheiros, o Metrópoles flagrou na noite dessa sexta-feira (4/8) que o mastro foi pichado, assim como ocorreu em 2016.
No dia 24 de julho, uma segunda-feira, a Ponte Estaiada teve 120 metros de cabos de cobre e 70 luminárias furtadas. Criminosos invadiram a área em que os equipamentos ficavam localizados e romperam as grades de proteção para levar o material.
A Prefeitura de São Paulo diz que não há previsão para os reparos e afirma que os custos de manutenção estão previstos no contrato de concessão com a Ilumina SP, empresa responsável pela iluminação pública da cidade. Nem a prefeitura nem a concessionária informaram o valor do prejuízo.
Onda de furtos
O caso aconteceu em meio a uma onda de furtos de fios de cobre em São Paulo. Em abril deste ano, a Câmara Municipal da capital paulista abriu uma CPI para investigar o crescimento dos casos.
O cobre usado nos fios de iluminação pública, semáforos e cabos de energia é derretido pelos criminosos e revendido para receptadores.
Segundo dados da CPI, as regiões com maior registro de casos de furto são o centro de São Paulo e a zona sul, em especial, a Avenida Jornalista Roberto Marinho, que termina na Ponte Estaiada.
Em uma das reuniões da comissão, a distribuidora de energia elétrica Enel afirmou que os furtos de fios e cabos de cobre na Grande São Paulo tiveram um aumento superior a 1.000% entre 2018 a 2022.
De janeiro a abril deste ano, a empresa contabilizou 3.886 casos, número 53% maior do que o registrado em todo o ano de 2020.
O relator da CPI na Câmara, vereador Coronel Salles (PSD), afirma que é preciso combater a receptação do material para interromper a onda de crimes com cobre.
“O grande vilão nessa história, o pólo perverso, é o receptador. É quem lucra com o furto”, diz o parlamentar. Salles explica que o material é considerado valioso pelos criminosos porque há demanda dele no mercado.
O coronel defende que sejam implementadas novas legislações para endurecer as regras de fiscalização em ferros-velhos onde o material é vendido.
Problema antigo
Essa não é a primeira vez que a Ponte Estaiada tem os equipamentos furtados. Em 2012, a gestão do então prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou que substituiria os fios de cobre por fios bimetálicos, na tentativa de combater a ação dos ladrões.
Os cabos bimetálicos seriam menos interessantes para os criminosos, segundo a gestão, porque são feitos com dois materiais, o que dificulta a separação do cobre e a venda dele pelos ladrões.
O Metrópoles perguntou à gestão Ricardo Nunes (MDB) se os fios bimetálicos continuavam sendo utilizados na Ponte e quais medidas seriam implementadas para impedir novos furtos no local.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que, “por razões de segurança, a concessionária não detalha quais são as medidas que estão sendo adotadas”.
O caso da Ponte Estaiada é investigado pela 3ª Delegacia de Crimes Patrimoniais contra Órgãos e Serviços Públicos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A Secretaria da Segurança Pública não informou quantas pessoas teriam participado do furto na Estaiada e não divulgou detalhes sobre a investigação do caso.
A pasta do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) diz que foi registrada uma queda de 4,2% nos furtos em geral na região da Ponte Estaiada, nos seis primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Em nota, a secretaria diz ainda que 33 pessoas foram presas neste ano pela prática de furto de fios na cidade e afirma que mais de 16 mil quilos de fios foram apreendidos.