Capuz e ameaças: como foram as 36h de cativeiro de Marcelinho Carioca
O ex-jogador Marcelinho Carioca foi resgatado pela polícia após ser sequestrado em Itaquaquecetuba, na Grande SP, na madrugada de domingo
atualizado
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São Paulo — O ex-jogador Marcelinho Carioca, de 51 anos, ídolo de times como Brasiliense e Corinthians, descreveu o sequestro do qual foi vítima em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Ele e uma amiga foram resgatados pela polícia na tarde de segunda-feira (18/12).
Segundo Marcelinho Carioca, ele foi obrigado a usar capuz o tempo inteiro, para não reconhecer os criminosos, e sofreu, sob a mira de um revólver, uma série de ameaças para realizar transferências bancárias. Ao todo, o ex-jogador ficou cerca de 36 horas no cativeiro e perdeu R$ 42 mil.
Já nas primeiras horas, os bandidos teriam tomado o celular do ex-jogador e o obrigado a passar a senha para desbloquear o aparelho. Os criminosos teriam usado o dispositivo para se passar pela vítima e pedir dinheiro a familiares. Depois, passaram a exigir resgate.
“Eles falavam que eu tinha que colaborar para pegar todo o meu dinheiro. Eu dizia que não tinha problema, podia pegar, só queria que me soltassem”, diz o ex-atleta. “Eu não estava preocupado com dinheiro, estava preocupado com a minha vida e a vida dela [amiga]. Encapuzado, você não vê nada, só escuta. [No cativeiro], pedi para ir ao banheiro… deram água, comida”.
Marcelinho Carioca e a amiga não sofreram agressões físicas no cativeiro, segundo relata. No entanto, eles foram coagidos a gravar um vídeo, com uma pista falsa para a polícia, em que afirmam ter um caso extraconjugal.
Os investigadores, no entanto, já concluíram que a história da suposta traição é mentira e só foi gravada para tentar incriminar erroneamente o marido dela. “Se você tem uma arma apontada e a pessoa te obriga a falar, o que você faz? Eu fui obrigado a falar”, diz Marcelinho Carioca sobre o vídeo.
Sequestro
Marcelinho Carioca havia ido ao show de Thiaguinho, na NeoQuímica Arena, na zona leste da capital paulista, no último sábado (16/12). Morador de Arujá, na Grande São Paulo, ele combinou de, na volta, passar na casa da amiga para deixar ingressos da outra apresentação que o cantor faria no dia seguinte.
O ex-jogador parou sua Mercedes na Rua Salesópolis, em Itaquaquecetuba, onde a amiga mora, por volta da 1h. “Chegaram três indivíduos e me abordaram. Eu tomei essa coronhada”, diz Marcelinho, apontando para o olho esquerdo, marcado por um hematoma. “Depois, não vi mais nada.”
Embora a hipótese de crime encomendado não tenha sido descartada, a principal suspeita é que o carro chamou a atenção dos criminosos, que decidiram realizar um “sequestro de ocasião”. As vítimas foram levadas para uma casa, localizada na Rua Ferraz de Vasconcelos, também em Itaquaquecetuba.
Já o carro foi abandonado na Rua Jacareí, no mesmo município, o que despertou a atenção de PMs que patrulhavam a região. No veículo, os agentes encontraram uma série de impressões digitais e uma arma de airsoft.
Os policiais localizaram o cativeiro por volta das 12h de segunda. “O helicóptero [da PM] chegou próximo [do cativeiro. Eu não conseguia ver, mas escutei tudo. Eles diziam: ‘A casa caiu, a casa caiu, a gente tem que libertar ele’”, relata Marcelino Carioca.
Presos
Até o momento, cinco suspeitos de participar do sequestro foram presos. Segundo a investigação, Eliane Lopes de Amorim, Jones Santos Ferreiro e Wadson Fernandes Santos seriam “conteiros” e receberam o Pix do jogador.
Já Thauannata Lopes dos Santos e Fernanda Santos Nunes foram detidas no cativeiro pelos policiais. Nenhum deles teriam envolvimento em casos anteriores investigados pela Divisão Antissequestro (DAS).
A Polícia Civil ainda não tem certeza se algum dos detidos, de fato, participou ativamente do momento em que o ex-jogador e a amiga foram rendidos e sequestrados. Os investigadores também devem ouvir o proprietário da casa que foi usada como cativeiro.