“Cantor do PCC”: ex-diretor da Gaviões da Fiel é preso em Buenos Aires
Elvis Riola de Andrade, conhecido como “Cantor do PCC” estava em carro que pertencia a homem investigado por tráfico de drogas na Argentina
atualizado
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São Paulo – O ex-diretor da escola de Samba Gaviões da Fiel Elvis Riola de Andrade, conhecido como “Cantor do PCC”, foi preso na tarde desta quinta-feira (1º/8) na província de Buenos Aires, na Argentina.
A prisão foi divulgada pela ministra da Segurança do país vizinho, Patricia Bullrich: “Um delinquente a menos em nosso país. Lei e ordem”, escreveu na rede social X, o antigo twitter.
BRASILEÑO CON ALERTA ROJA, ¡CHAU!
Tenía pedido de captura internacional, lo buscaba la Justicia de Brasil por asesinar a un guardia penitenciario en São Paulo en 2009, lo detuvieron los agentes de la PFA Interpol en un barrio cerrado de Campana, Buenos Aires.
La cooperación… pic.twitter.com/njFuF6PZE2
— Patricia Bullrich (@PatoBullrich) August 1, 2024
Em 5 de março, a ministra Daniela Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgou o habeas corpus de Elvis e, por unanimidade, foi decidido que ele poderia ficar em liberdade.
No entanto, foi determinado que o ex-diretor da Gavião da Fiel deveria entregar o passaporte à Justiça, ficando proibida sua saída do país.
Em junho, Elvis tentou entrar na Bolívia. Pelo descumprimento da determinação, o mandado de prisão do “Cantor do PCC” foi pedido pela ministra do STJ e concretizado com ajuda da Polícia Federal e pela Interpol na última quinta-feira (1º/8).
Movimentações suspeitas
Elvis começou a ser procurado na Argentina após os policiais identificarem uma série de movimentações dele e da família, entre casas de aluguel e hotéis, de acordo com o site Infobae.
Os agentes encontraram o brasileiro a bordo de um Toyota Corolla. O proprietário do carro, ainda segundo o portal argentino, foi identificado como Carlos Sergio, investigado por diversos crimes relacionados a drogas, com prisões entre 2008 e 2014.
A investigação descobriu que eles planejavam uma viagem para a África com a Ethiopian Airlines.
A extradição do “Cantor do PCC” ainda será analisada por um juiz federal.
Morte de agente penitenciário a mando do PCC
Cantor responde pelo homicídio do agente penitenciário Denilson Dantas Jerônimo, de 27 anos, morto em Presidente Bernardes, no interior paulista, em 2009. Ele foi assassinado no portão de casa na frente da namorada. Segundo a investigação, a execução do agente de segurança havia sido decretada por líderes do PCC.
A acusação de que Elvis teria sido o responsável por executar o agente penitenciário consta no depoimento do ex-integrante do PCC Orlando Mota Júnior, conhecido como “Macarrão”. Macarrão foi ouvido como testemunha protegida em outra investigação, que resultou na denúncia por homicídio contra Elvis. Ele acabou sendo descoberto pela cúpula da facção. Como represália, sua esposa teria sido assassinada a mando dos líderes.
De acordo com Macarrão, a execução de Denilson Dantas Jerônimo teria sido uma “missão” dada pela cúpula do PCC a Cantor.
Conversas telefônicas citadas no inquérito indicam que, após a delação que apontou o envolvimento dele no crime, a cúpula da facção, incluindo seu líder supremo, Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”, demonstrou preocupação e garantiu que Cantor não precisaria se preocupar com advogado.
Na ação penal pela qual foi acusado pelo homicídio do agente, Elvis confessou o crime e foi condenado.
Na década de 2010, Cantor chegou a cumprir pena na Penitenciária 2 (P2) de Presidente Venceslau, no interior paulista, onde também estava a alta cúpula da facção.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) também associa Elvis Riola de Andrade ao tráfico de 700 kg de maconha apreendidos pela polícia.
As informações constam em uma denúncia apresentada pelo MPSP contra 175 supostos integrantes do PCC em 2012. No documento, os promotores detalham o funcionamento da organização e a prática de crimes como tráfico de drogas e atentados contra agentes públicos. A acusação envolve toda a cúpula da facção, incluindo Marco William Herbas Camacho, o Marcola.
Condenação por homicídio
O Tribunal do Júri de São Paulo condenou Cantor a 15 anos de prisão. Mas, como ele já havia passado 11 anos preso preventivamente, até agosto de 2021, a Justiça lhe concedeu o regime semiaberto e o direito de cumprir a pena em liberdade.
Após recurso do Ministério Público do Estado de São Paulo, o relaxamento da pena foi revogado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que mandou prendê-lo novamente e ainda aumentou a pena do réu em mais um ano.
A defesa de Cantor impetrou então um habeas corpus no STJ, pedindo a liberdade condicional. O pedido foi acatado pela ministra Daniela Teixeira em dezembro.
Prisão na Bolívia
Menos de um mês depois da liminar concedida por Daniela Teixeira, Cantor foi preso pela polícia boliviana em Santa Cruz de La Sierra em 11 de janeiro. Ele, no entanto, acabou sendo colocado em liberdade no dia seguinte, porque não havia mandado de prisão contra ele.
A ministra afirma que, se o réu cometeu algum crime na Bolívia, o Ministério Público deveria dar início a um novo processo.
“O que é trazido, já em pedido de reconsideração, é que o paciente teria fugido para a Bolívia. Aí é trazido aqui uma documentação da Bolívia, sem tradução, em espanhol, onde ele teria sido detido. É uma documentação que eu não posso sequer examinar, porque não foi submetida ao contraditório. Se ele cometeu algum ilícito na Bolívia, é na Bolívia que ele deve prestar contas. O Ministério Público, com a máxima vênia, deve iniciar um novo processo”, disse.