Campanha de Boulos se surpreende, mas comemora subida de Marçal
Guilherme Boulos, Pablo Marçal e Ricardo Nunes apareceram tecnicamente empatados no Datafolha na disputa pela Prefeitura de SP
atualizado
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São Paulo – O crescimento do influenciador Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas eleitorais mais recentes à Prefeitura da capital agradou a campanha do deputado Guilherme Boulos (PSol).
Marçal apresentou 21% de intenção de votos no Datafolha dessa quinta-feira (22/8), ultrapassando o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 19%, e empatando tecnicamente com Boulos (23%), dentro da margem de erro de três pontos.
Na visão da campanha, o resultado indica que o influenciador tem absorvido parte do eleitorado de Nunes, sobretudo o bolsonarista, já que o prefeito apresentou uma queda de quatro pontos em relação ao Datafolha anterior, feito há duas semanas.
Além disso, Marçal cresceu de 29% para 44% na preferência entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL). Nunes, que é apoiado pelo ex-presidente, teve uma queda de 38% para 30%.
No entanto, aliados de Boulos admitiram, sob reserva, que apesar de terem projetado um crescimento de Marçal com o início oficial da campanha, foram pegos de surpresa com os números do Datafolha: somente em duas semanas, o influenciador saltou sete pontos no levantamento.
Apesar disso, o entendimento é o de que Marçal ainda pode ampliar a sua taxa de rejeição, que subiu de 30% para 34%. Já a rejeição de Boulos oscilou de 35% para 37%. Tradicionalmente, quanto mais conhecidos os candidatos, maior a rejeição entre os eleitores, e Marçal ainda está se apresentado aos paulistanos: o influenciador é conhecido por 67%, enquanto 84% já sabem quem é Boulos.
Outra questão na mira da campanha é o embate direto de Bolsonaro, seus filhos e aliados com Marçal, o que pode colaborar para desidratar a imagem do influenciador.
Boulos x Marçal
O crescimento de Marçal também levou a campanha do psolista a trabalhar com a possibilidade de enfrentar o influenciador num eventual segundo turno. O entorno de Boulos vê que a postura caótica de Marçal pode suavizar a imagem de radical que Nunes tenta colar ao deputado, afastando eleitores de centro e com perfil mais moderado.
Por isso, Marçal é visto como um adversário mais fácil de ser derrotado no segundo turno do que Nunes. As pesquisas mostram que o prefeito venceria o candidato do PSol no confronto direto — até agora, os institutos não têm feito simulações de segundo turno entre Boulos e Marçal.
Para as próximas semanas, a campanha deve trabalhar a postura de Boulos em relação aos ataques promovidos por Marçal, que o tem acusado, sem provas, de ser usuário de cocaína.
Além disso, Marçal já o provocou com uma carteira de trabalho, durante um debate, dizendo que iria “exorcizá-lo” com o documento. Boulos respondeu com uma tentativa de tomar a carteira e acabou dando um tapa nela, escalando tensões entre os dois e levando a produção do evento a interferir.
A campanha entende que Marçal continuará provocando Boulos a reagir e que será necessário trabalhar para conter os ânimos do deputado, que tem justificado a reação dizendo que não tem “sangue de barata”.
No entanto, aliados consideraram positivo o fato de que, em duas semanas, mesmo com tantos ataques, o psolista ainda tenha conseguido oscilar um ponto para cima nas intenções de votos do Datafolha.