Caminhoneiro bolsonarista preso omitiu empresa usada em Pix para atos golpistas
Bolsonarista, Ramiro dos Caminhoneiros foi candidato a deputado federal pelo PL de SP em 2022 e fomentou atos golpistas pela internet
atualizado
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São Paulo – Preso pela Polícia Federal (PF) em São Paulo nesta sexta-feira (20/1), sob suspeita de fomentar e financiar os atos golpistas em Brasília, o bolsonarista Ramiro Alves da Rocha Cruz Júnior, conhecido como Ramiro dos Caminhoneiros, omitiu duas empresas da Justiça Eleitoral quando se candidatou a deputado federal pelo PL, nas eleições de 2022.
Uma delas, a Dream Come True Services Ltda., registrada em 2014 como empresa de transporte de cargas e passageiros, teve o CNPJ utilizado por Ramiro como chave Pix para arrecadar dinheiro para seu canal no YouTube, no qual fomentava atos golpistas pelo país, principalmente, os bloqueios de rodovias.
Segundo ele, o canal foi desmonetizado em outubro de 2022, logo após o primeiro turno das eleições. “Fui desmonetizado hoje (12/10/2022) neste meu canal e conto com a ajuda de todos vocês para seguir adiante e libertar o Brasil”, diz o caminhoneiro no vídeo no qual pede doações usando o CNPJ da empresa omitida.
Nesta sexta-feira, Ramiro foi um dos oito alvos dos mandados de prisão da Operação Lesa Pátria, que mira participantes, incentivadores e financiadores dos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. As prisões foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além da empresa de transporte de cargos e passageiros, Ramiro também não declarou à Justiça Eleitoral uma outra firma aberta em fevereiro do ano passado, com registro de comércio e edição de livros, papelaria, serviços de informação para internet e agência de notícias. Juntas, as duas empresas somam capital de R$ 270 mil e têm o caminheiro como único sócio-administrador.
Na prestação de contas feita à Justiça Eleitoral no ano passado, Ramiro declarou apenas metade de um imóvel em São Paulo, onde reside e foi encontrado pelos agentes da Polícia Federal nesta sexta. Ele recebeu 4.542 votos e ficou com uma vaga de suplente na Câmara.
Vídeo fomentando atos golpistas
No vídeo em que divulga a chave Pix da empresa omitida da Justiça Eleitoral, Ramiro pede aos empresários do agronegócio que utilizem tratores nas rodovias como protesto contra o resultado das eleições – na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia avançado ao segundo turno à frente de Jair Bolsonaro (PL).
“Trator não tem placa. A rodagem está sempre nas estradas, está sempre na pista. Só que se a gente tem placa, se a gente parar, quem é multado é a gente. Agora, vocês do agro não têm placa. Fica a dica”, disse Ramiro.
Ramiro defende, nas imagens, que as eleições foram fraudadas e que Bolsonaro deveria ter sido eleito no primeiro turno. Por isso, continua, pede que empresários do agronegócio e civis tranquem as pistas como forma de protesto.
“Quem foi fraudado no começo do mês será fraudado no segundo… quer dizer, no final do mês”, afirmou.
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Nas redes sociais, Ramiro divulgou outra chave de Pix – o seu celular – para levantar doações para os acampamentos golpistas em Brasília. Preso nesta sexta, ele disse à PF que não estava em Brasília no domingo (8/1), quando os prédios dos Três Poderes foram invadidos e depredados.
No dia seguinte aos atos (9/1), Ramiro esteve na Academia Nacional da Polícia Federal do Distrito Federal para “visitar” os bolsonaristas que haviam sido detidos. Ele gravou um vídeo distribuindo panetones de chocolate no local.