Câmeras da Prefeitura já rastreiam 400 caminhões particulares da Enel
Gestão Ricardo Nunes usa programa vendido como arma contra o crime para fiscalizar a Enel, alvo de críticas do prefeito por conta do apagão
atualizado
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São Paulo — A gestão Ricardo Nunes (MDB) monitora, nesta sexta-feira (18/10), 400 caminhões particulares da empresa de energia Enel. O objetivo é fiscalizar a localização dos veículos, a partir do Smart Sampa, programa de câmeras inteligentes instaladas sob a justificativa de combater o crime nas ruas da cidade.
As placas dos caminhões foram repassadas pela própria Enel, segundo o prefeito, após reunião convocada nessa quinta-feira (17) pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) com autoridades municipais, estaduais e federais ligadas ao setor de energia, além das concessionárias que atuam no estado, para discutir ações preventivas contra apagões causados por tempestades.
Nunes esteve na manhã desta sexta na sede do Smart Sampa, na Rua XV de Novembro, no centro da cidade, para acompanhar o monitoramento das ações da Enel e as medidas para evitar um novo apagão diante de uma tempestade que, segundo os serviços de meteorologia, pode atingir a cidade ao longo do fim de semana.
A medida foi adotada diante de informações que Nunes disse ter obtido, não confirmadas pela Enel, de que nas primeiras horas após a tempestade da última sexta-feira (11), que deixou 2,5 milhões de imóveis sem luz, a empresa tinha apenas 30 caminhões nas ruas para religar a rede danificada. Para este fim de semana, a empresa promete manter 1.200 equipes de prontidão.
Nunes e Tarcísio já se posicionaram como opositores à renovação da concessão da Enel e, no encontro, fizeram uma série de demandas à empresa, que se comprometeu a atender. Entre elas, estava o fornecimento das placas dos caminhões usados nos serviços de manutenção da rede e religamento de luz durante os apagões.
O prefeito havia prometido no dia anterior que usaria a tecnologia de monitoramento em massa para hipervigiar a empresa, dizendo que posicionaria câmeras nas entradas das garagens da Enel.
A tecnologia instalada na cidade, após resistência da Defensoria Pública e do Ministério Público de São Paulo, é capaz de emitir alertas ao centro integrado de comando e controle sempre que o alvo do monitoramento passar por uma das 17 mil câmeras já integradas ao sistema. A promessa é instalar 20 mil câmeras até o fim do ano.
A Prefeitura não possui nenhum programa de controle externo do uso dessas câmeras para que a sociedade civil possa evitar abusos na utilização do sistema.
Além da fiscalização da empresa, ficou acordado na reunião que agentes da Defesa Civil permaneceriam no centro de controle operacional da Enel para também acompanhar o trabalho das equipes da empresa. A expectativa é que esse trabalho tenha início ainda nesta tarde.