metropoles.com

Câmara de SP aprova, em definitivo, adesão à privatização da Sabesp

Após sessão tumultuada, vereadores autorizam Prefeitura de SP a assinar contrato com Sabesp após processo de privatização feito por Tarcísio

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Bruno Ribeiro/Metrópoles
Imagem colorida mostra bancada da mesa diretora da Câmara Municipal de São Paulo, com vereadores discutindo em plenário - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra bancada da mesa diretora da Câmara Municipal de São Paulo, com vereadores discutindo em plenário - Metrópoles - Foto: Bruno Ribeiro/Metrópoles

São Paulo — Em uma sessão bastante tumultuada, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quinta-feira (2/5), em votação definitiva, o projeto de lei que autoriza a Prefeitura da capital a assinar contrato de fornecimento de água e coleta de esgoto com a Sabesp após a privatização da empresa.

O texto aprovado segue para sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Aliados do prefeito afirmam que há chance de a sanção ocorrer ainda nesta sexta-feira (3/5).

O processo de privatização já havia sido aprovado pela Assembleia Legislativa (Alesp) em dezembro do ano passado, autorizando o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) a vender parte das ações do Estado na empresa — atualmente, o governo detém 50,3% das ações da companhia.

O que os vereadores aprovaram nesta quinta é uma lei que autoriza a Prefeitura a assinar contrato com a nova empresa privatizada. Pelas regras aprovadas pelos vereadores, a Sabesp terá de concordar em investir 25% das receitas obtidas na cidade de São Paulo em obras executadas no próprio município.

Os vereadores de oposição, que vão apoiar o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) na eleição municipal contra o prefeito Ricardo Nunes, tentaram obstruir a votação de diversas maneiras ao longo da sessão, mas foram derrotados por 37 votos a favor do projeto, ante 17 votos contra.

A Sabesp já tem de investir 13,5% de suas receitas na capital, pelas regras do contrato vigente. Além de subir esse percentual para 25%, os vereadores determinaram que a empresa terá de repassar 5,5% das receitas para o Fundo Municipal de Saneamento Básico — atualmente, esse percentual é de 3%.

Por fim, o acordo da Prefeitura com a empresa deverá prever também que a Sabesp abra mão de receber uma dívida total de R$ 3 bilhões que a cidade deve à companhia. A empresa vai receber cerca de 60% desse valor — R$ 1,8 bilhão — por meio de precatórios, segundo a proposta aprovada.

O projeto de lei, contudo, não estabelece punições para a empresa caso essas condicionantes não sejam cumpridas. O que o texto determina é que a cidade terá um comitê próprio para fiscalizar a execução contratual, com membros indicados pelo governo estadual, pela Prefeitura e pela companhia privatizada.

Tensões na Justiça

Nesta quinta-feira, a assessoria jurídica do PSol apresentou um mandado de segurança para tentar impedir a votação do projeto de lei, o que provocou dúvidas sobre o prosseguimento da sessão.

O partido baseou seu pedido em uma decisão do último dia 23/4, da juíza Celina Kiyomi Toyoshima, da 4ª Vara da Fazenda Pública, em uma ação da próprio legenda.

A magistrada havia determinado, na ocasião, que a votação só ocorreria após a realização de estudos de impacto financeiro da proposta de privatização nas contas da Prefeitura.

O estudo anexado pela Prefeitura ao processo é um ofício, de quatro páginas, assinado pelo secretário-executivo Fernando Chucre, atestando que não haverá impactos financeiros para a cidade. A oposição se queixou que aquilo não seria um estudo.

A juíza, porém, pediu para o Ministério Público de São Paulo (MPSP) se manifestar sobre o tema antes de decidir se os requisitos determinados por ela haviam sido compridos, mas não deliberou sobre a suspensão imediata da votação.

Desse modo, caso o MPSP entenda que o estudo não tenha validade, como argumenta a oposição, a sessão que aprovou a adesão à privatização da Sabesp ainda pode ser anulada.

Reações à votação

“Dentro desse contrato, a cidade ganha segurança no abastecimento de água e qualidade”, disse o vereador Rubinho Nunes (União), presidente da Comissão de Política Urbana da Câmara e integrante da base de Nunes, ao comentar o projeto.

“A conta de água não fica mais cara. O próprio governador Tarcísio de Freitas já deixou isso bem claro. Existe a cota social na água e ela vai aumentar em 10%, o que significa que o consumidor mais pobre passa a pagar mais barato. É natural que, com o avanço do tempo, com a inflação, todos os produtos, venham a ter acréscimo. Com a água, não é diferente”, afirmou o vereador.

A oposição rebateu. “Até este momento, não existe possibilidade de dizer qual é a vantagem. Não foi apresentada para a cidade nenhuma vantagem financeira para que a gente siga este acordo. E, considerando os exemplos que a gente tem em outros estados, outras regiões, do nosso ponto de vista, a gente vai ter uma piora no serviço”, afirmou a vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSol).

“O que a gente observa em outros lugares em que isso [a privatização] foi apresentado é que, primeiro, os serviços têm uma piora. Se você olhar a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, o serviço teve uma piora de qualidade”, disse Elaine. “Outra coisa são os valores de taxas outros serviços que a empresa apresenta.”

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comSão Paulo

Você quer ficar por dentro das notícias de São Paulo e receber notificações em tempo real?