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Câmara congela arranha-céus em ruas de vila no novo mapa do zoneamento

Primeiro mapa das nova regras de zonamento de SP, feito pela Câmara, protege vilas no miolo dos bairros de torres sem limite de altura

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Lucas Bassi / Rede Câmara
Imagem colorida mostra auditório da Câmara Municipal com série de mapas da cidade fixados no palco - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra auditório da Câmara Municipal com série de mapas da cidade fixados no palco - Metrópoles - Foto: Lucas Bassi / Rede Câmara

São Paulo — Cerca de um quarto das áreas da cidade onde a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) propôs, em setembro, a liberação de arranha-céus sem limites de altura foram, agora, blindadas desse tipo de construção pela Câmara Municipal na primeira proposta de revisão da Lei de Zoneamento da capital paulista.

A Câmara apresentou na última quarta-feira (8/11) seu primeiro mapa do novo zoneamento da cidade e, nele, as chamadas “ruas de vila” – lotes ocupados apenas por casas em ruas sem saída ou com controle de acesso de carros – foram mantidas como locais onde os grandes edifícios são proibidos.

Segundo o vereador Rodrigo Goulart (PSD), relator da revisão do zoneamento, o mapa sintetizou as regras que já haviam sido definidas pelos vereadores nas discussões de outra lei, o Plano Diretor, aprovado em junho.

O mapa, que pode ser visto na página especial criada pela Câmara, era esperado por ativistas e lideranças comunitárias que acompanham o tema. Ao Metrópoles, Goulart afirmou que o material trouxe apenas uma representação visual daquilo que já havia sido discutido e que as mudanças que a Câmara vai propor à cidade ainda serão apresentadas. “Vamos propor as outras alterações ao longo das discussões do projeto”, disse.

O Plano Diretor define regras gerais sobre o adensamento da cidade, como os eixos que podem receber prédios mais altos e as áreas que devem ser preservadas de novas construções. Já a Lei de Zoneamento estabelece os tipos de uso (residencial, comercial, industrial ou misto) e os limites dos imóveis em cada lote da cidade. A rediscussão dessas duas leis era prevista pelo Legislativo desde 2014.

Revisão do zoneamento

A proposta em discussão neste momento é sobre o aumento de uma zona específica, chamada Zona de Estruturação Urbana (ZEU), onde os prédios podem ter uma metragem de até seis vezes a área dos terrenos dos lotes, sem limites de altura — um terreno de 100 m² pode abrigar um prédio de até 600 m² de área construída. Elas ficam ao lado de avenidas com corredores de ônibus e das estações de metrô, os chamados eixos de transporte.

O projeto enviado por Ricardo Nunes à Câmara tinha como base as mudanças feitas pelos vereadores na revisão do Plano Diretor. Elas previam que, se somadas, a área total da cidade classificada como ZEU passaria de 64 km² para 73 km². Para se ter ideia, essa área extra, de 9,4 km², equivale a seis vezes a área do Parque do Ibirapuera, diluída ao redor dos eixos de transporte. A cidade tem uma área total de cerca de 1.520 km².

Com esse acréscimo de área classificada como ZEUs, o espaço onde os arranha-céus são permitido “invadiria” as ruas de vilas. Por isso, agora, a Câmara propôs uma blindagem a esses locais. Nas ruas de vila, mesmo se a região estiver inserida em uma ZEU no mapa, os coeficientes maiores de construção não vão valer. A área total protegida no novo mapa tem 20 km².

Outras mudanças importantes no zoneamento da cidade, como as que determinam zonas exclusivas para a construção de moradias populares ou as zonas de proteção ambiental, ainda não foram “pintadas no mapa” pelos vereadores e passarão por discussão, por meio de audiências públicas que já estão ocorrendo. A Câmara espera concluir a revisão do zoneamento até dezembro.

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